Jornal DR1

Após grande sucesso, espetáculo “MACACOS” terá apresentações extras em junho e julho

 

Peça da Cia do Sal relata as vivências de pessoas negras no Brasil

 

Depois de ter sido assistido por quase 2 mil pessoas apenas no Rio de Janeiro e esgotar os ingressos de sessões extras em menos de 30 minutos, o espetáculo “MACACOS”, da Cia do Sal, fará apresentações nos dias 24 e 25 de junho, e também nos dias 1º e 2 de julho, no Teatro Ipanema. A obra fala sobre o apagamento das memórias e ancestralidades negras, é dirigido e interpretado pelo ator Clayton Nascimento.

 

O espetáculo aborda a estruturação do racismo no Brasil e se coloca em cena a partir do relato de um homem negro em busca outros espaços para ocupar diante do adjetivo MACACO, que nomeia a obra. O ator e diretor, Clayton Nascimento, lembra que, em muitos casos, o adjetivo é utilizado como xingamento ao povo negro. Além disso, a peça trata sobre episódios da História Geral do país, até chegar aos relatos e estatísticas das mães e famílias dos jovens negros presos ou executados pela polícia militar no Brasil de 1500 até hoje.

 

“Os questionamentos desse homem negro convidam o público a pensar e debater sobre os preconceitos mascarados, que existem na estruturação e no cotidiano brasileiro. Com a pandemia do COVID-19, esses números se agravam e aumentam, evidenciando assim o grande desequilíbrio social ao qual nossa nação está estruturada”, explica Clayton.

 

Estrutura cênica

Ulisses Dias, diretor da Bará Produções e produtor geral do espetáculo, explica que “MACACOS” é uma montagem que conta somente com um ator e um batom, e trata do preconceito contra os povos pretos, a partir do relato de um homem preto que busca respostas para o racismo que rodeia seu cotidiano e a história de sua comunidade.

 

“A obra se desenrola num fluxo de pensamentos, desabafos e elucidações que surgem em cenas pautadas em nossa história geral, como também em situações vividas por grandes artistas negros: Elza Soares, Machado de Assis, e Bessie Smith, até alcançar relatos e estatísticas de jovens negros presos e executados pela Polícia Militar no Brasil de ontem e de 2021”, analisa.

 

Cronologia

No ano de 2015, MACACOS começou a ser desenvolvida, no entanto, só chegou ao grande público no Festival Verão Sem Censura e pelo Festival Farofa, ambos em São Paulo, em 2020, um mês antes da pandemia da Covid-19. A peça já passou pelos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Ceará, Pernambuco, Brasília e Amazonas, e, agora, volta aos palcos cariocas.

 

“Durante sua turnê nacional, o espetáculo se comprometeu, diante de cada estado brasileiro, a pesquisar junto com historiadores e moradores das regiões, o que aconteceu naquele determinado estado em relação às decisões da Corte Portuguesa durante a escravatura. Para isso, se tornou-se necessário criar uma nova cena dentro da obra para cada um desses estados conforme as apresentações”, afirma o ator e diretor.

 

Premiações

Entre os anos de 2016 e 2023, tanto o espetáculo quanto o protagonista, Clayton Nascimento, receberam diversas premiações por conta da montagem da peça. Entre elas estão, mais recentemente, o Prêmio Shell 2023, de melhor ator. Além disso, Clayton também venceu na categoria melhor ator o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), em 2023; melhor ator no FESTKAOS, em 2022; FESTIC Caruaru, também como melhor ator, em 2019.

 

Já a peça recebeu outras premiações coletivas, como  Melhor Peça, no Festival Breves Cenas de Teatro, em Brasília, em 2019; Melhor Montagem, no Festival de Teatro do Amazonas, em 2017;  Melhor Montagem, no Festival de Teatro de Cabo Frio (RJ), em 2016.

 

“É sempre importante receber essas premiações, mas o maior reconhecimento vem com a procura do público pelo espetáculo. Em maio, os ingressos esgotaram com uma hora de abertura das vendas. Isso é extremamente estimulante para toda equipe que compõe o espetáculo”, celebra Clayton Nascimento.

 

SERVIÇO:

Espetáculo “MACACO’S”

Apresentações: 24 e 25 de junho – Sábado às 20h e domingo – às 19h

1º e 2 de julho – Sábado às 20h e domingo às 19h

Teatro Ipanema (222 lugares) – R. Prudente de Morais, 824 – Ipanema, Rio de Janeiro

Ingressos disponíveis no Sympla

Valores: R$50 (inteira)

R$25 (meia)

R$25 Lista amiga

 

Sobre a Cia do Sal

A Cia do Sal é uma companhia que surgiu na ocasião da estréia da peça “MACACOS”, em 2016. O grupo é formado por atores e atrizes pesquisadores da cena, vindos da Escola de Arte Dramática da USP – EAD, Escola Livre de Teatro de Santo André – ELT e Célia Helena. em seu corpo, a Cia do Sal possui artistas negros, brancos, trans, gays, héteros, paulistanos, cariocas e nordestinos que pesquisam seus anseios dentro do coletivo. A principal idéia é contar, junto ao povo, fatias e memórias da nossa história.

 

O nome da Cia do Sal, provém da significância que a palavra sal tem na vida das pessoas. O sal tem forte presença na formação e no surgimento do corpo humano. Mas não somente. Nos escambos escravagistas, o sal oi foi moeda de troca por seres humanos e figura marcante nas poesias que narram a dor e a morte nos navios negreiros.

 

Sal dá origem à palavra “salário” e Brecht dizia: “O sal do suor do operário é o que tempera a comida do patrão”. Queremos este Sal de volta às nossas casas, temperando agora, nossas comidas e de nossas crias.

Outro ponto, é que o sal é uma condição única para a existência de seres vivos, portanto, nasce mais um desejo da Cia do Sal: que o teatro e as artes sejam condições básicas para que nos reunamos, para que estejamos vivos e para que possamos fortalecer as nossas expressões vitais.

 

FICHA TÉCNICA “MACACOS”

Clayton Nascimento: Ator, Diretor e Dramaturgo

Danielle Meireles: Direção Técnica/ Iluminadora

Ailton Graça: Provocador Cênico

Aninha Maria Miranda: Direção de Movimento

Ulisses Dias (Bará Produções) : Produção Geral

Alessandra Costa: Assessoria de Imprensa

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