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Morre João Donato, aos 88 anos.

 

Pianista, acordeonista, arranjador, cantor e compositor faleceu na madrugada de segunda-feira (17), devido a um quadro de pneumonia.

Faleceu no Rio de Janeiro o pianista, acordeonista, arranjador e compositor João Donato, aos 88 anos de idade. O artista estava internado na Casa de Saúde São José e a causa da morte foi pneumonia. Donato tinha problemas no pulmão e no coração e estava em um quadro de sepse há semanas, tendo sido intubado no hospital e acabou não resistindo.

João Donato de Oliveira Neto nasceu em 1934 no Rio Branco, no Acre, e desde de cedo mostrava talento para música ao brincar com flautas de bambu. Mais tarde, ganhou seu primeiro acordeon de oito baixos. Sua família já havia músicos, como sua irmã mais velha e pianista Eneyda e o irmão mais novo Lysias Ênio, poeta que compos junto a Donato várias músicas da carreira do artista. João se mudou para o Rio de Janeiro em 1945, onde começou a tocar em festas da escola em que estudou.

Sua carreira de fato começou em 1949, fazendo parte do grupo Altamiro Carrilho e Seu Regional. Quatro anos depois, fundou seu próprio conjunto musical Donato e Seu Conjunto e fez parte do grupo Os Namorados. No ano seguinte, formou o Trio Donato. Em 1956, se mudou para São Paulo, onde conheceu Tom Jobim e integrou o Os Copacabanas e na Orquestra de Luís Cesar e gravou o primeiro LP: “Chá dançante”, produzindo por Jobim.

Segundo os próprios bossanovistas, João Donato foi um dos precursores da Bossa Nova, sendo o pianista e mestre de todos, sendo que o próprio Tom Jobim o chamava de professor, como disse o compositor Marcos Valle. Artista multifacetado, Donato trabalhou com músicos tais como Astrud Gilberto, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Eumir Deodato, Stan Kenton, Nelson Riddle, Herbie Mann e Wes Montgomery, mas seu principal letrista era de fato o seu irmão mais novo, Lysias Ênio.

Das suas composições mais conhecidas da carreira, estão estão “A paz”, com Gilberto Gil, “A rã”, com Caetano Veloso, e “Simples carinho”, com Abel Silva. Sua tragetória na música não apenas é conhecida no Brasil, mas sim internacionalmente e premiada, tendo ganhado o Prêmio Shell de Música pelo conjunto de sua obra em 2000 e o Prêmio APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte – em 2003.

Artista incansável, João Donato sempre se manteve ativo na música e não nem mesmo durante a Pandemia de Covid-19, onde lançou o álbum “Jazz is Dead”, em parceria com músicos de Los Angeles. Em 2021, produziu o disco “Síntese do lance”, tendo como seu parceiro Jards Macalé e lançando composições inéditas. A capa do disco mostra a irreverência de Donato e Macalé: ambos posaram sem blusa, como se estivessem pelados, com plantas à frente.

O corpo de João Donato será velado na terça-feira (18), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, horário ainda a confirmar pelos seus familiares. Em seguida, o artista será cremado do Memorial do Carmo.

A família e os amigos enlutados de João Donato, nossas sinceras condolências.

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