Há alguns anos eu cursava uma pós-graduação na área de História e durante uma conversa com uma das professoras com quem tive aula, sobre um trabalho que eu precisava fazer para a disciplina dela, a docente me perguntou qual era minha área de atuação profissional e quando eu respondi “sou jornalista”, ela (com um sorriso no rosto) me disse: “Ah, legal! O trabalho do jornalista é muito próximo ao do historiador’’.
Ouvir isso de uma professora com graduação, mestrado e doutorado em História foi muito gratificante. De fato, o trabalho do jornalista e do historiador, apesar de pertencerem a áreas consideradas distintas, apresentam semelhanças que refletem a importância da investigação, imparcialidade e comunicação eficiente na busca pela verdade e compreensão dos eventos históricos e contemporâneos.
Tanto o jornalista quanto o historiador são responsáveis por coletar e analisar informações de fontes diversas. Ambos dependem de fontes confiáveis para construir suas narrativas, evitando a disseminação de informações imprecisas e distorcidas.
A imparcialidade também deve ser um pilar fundamental para ambos. O jornalista deve buscar relatar os fatos sem viés pessoal ou ideológico, enquanto o historiador busca entender o passado sem interpretações tendenciosas.
O jornalista e o historiador precisam organizar, sintetizar e apresentar suas descobertas de forma acessível e compreensível para o público. O jornalista escreve artigos e reportagens, enquanto o historiador produz livros e ensaios acadêmicos.
Não à toa, um dos maiores catedráticos em História Oral do mundo, o professor Paul Thompson da Universidade de Essex, no Reino Unido, afirma em seu famoso livro “A Voz do Passado”, que o jornalista é um dos profissionais capacitados para fazer pesquisa em História Oral.
Outra semelhança é que o jornalista e o historiador devem questionar suas fontes, verificar a veracidade das informações e confrontar diferentes relatos para obter uma visão mais abrangente dos eventos.
Por fim, os dois têm um papel fundamental na sociedade, contribuindo para a construção da memória coletiva e da identidade cultural.
Nesse sentido uma boa notícia para profissionais e estudantes de Jornalismo e de História foi a publicação este ano do livro “O Jornal como Fonte Histórica”, do historiador, escritor e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) José D’Assunção Barros.
Neste interessante e muito bem-vindo livro, o professor José D’Assunção ensina como utilizar as matérias veiculadas em jornais para a pesquisa histórica, analisando criticamente as informações publicadas, utilizando as metodologias corretas.
Uma leitura obrigatória para os historiadores de carreira e para os jornalistas que ajudam a contar e também fazer História!