Presidente cita a tragédia do ciclone no Rio Grande do Sul para mostrar como as populações mais vulneráveis estão sujeitas às consequências do aquecimento global
O presidente Luiz Inácio da Silva mencionou a tragédia causada pelo ciclone que atingiu o Rio Grande do Sul nos últimos dias em seu discurso na sessão de abertura da 18ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo do G20 em Nova Delhi, na Índia, na manhã deste sábado, 9/9. Ele voltou a cobrar ações mais enfáticas dos países desenvolvidos para ampliar o combate global às mudanças climáticas.
Formado por 19 países e a União Europeia, o G20 reúne as principais economias do mundo, tanto países considerados desenvolvidos como em desenvolvimento, para discutir políticas em comum em um cenário multilateral. A sessão inaugural, intitulada “Um Planeta”, tem como tema exatamente a preservação do meio ambiente, desenvolvimento sustentável, transição energética, mudanças climáticas e emissões de carbono.
“O descompromisso com o meio ambiente nos leva a uma emergência climática sem precedentes. O aquecimento global modifica o regime de chuvas e eleva o nível dos mares. As secas, enchentes, tempestades e queimadas se tornam mais frequentes e minam a segurança alimentar e energética. Agora mesmo no Brasil, o estado do Rio Grande do Sul foi atingido por um ciclone que deixou milhares de desabrigados e dezenas de vítimas fatais”, destacou.
Para o presidente, é necessário que os países ajam o mais rápido possível, para que as mudanças sejam mitigadas. Do contrário, segundo ele, as parcelas menos favorecidas continuarão sentindo os efeitos devastadores dessa alteração. E, para evitar que novas tragédias ocorram, os países responsáveis pela mudança precisam contribuir.
“Se não agirmos com sentido de urgência, esses impactos serão irreversíveis. Os efeitos da mudança do clima não são sentidos por todos da mesma forma. São os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes, os mais impactados. Quem mais contribuiu historicamente para o aquecimento global deve arcar com os maiores custos de combatê-la. Esta é uma dívida acumulada ao longo de dois séculos”, afirmou.
O presidente voltou a cobrar dos países ricos uma medida acordada ainda em 2009, na COP 15, em Copenhagen, na Dinamarca. Na ocasião, ficou acertado que seria criado um fundo no valor de US$ 100 milhões para financiar ações de combate às mudanças climáticas, algo que nunca saiu do papel.
MOBILIZAÇÃO GLOBAL – O líder brasileiro anunciou ainda que, durante a Presidência do G20, o Brasil pretende lançar uma Força-Tarefa de mobilização global contra a mudança do clima. “Lançaremos, em nossa presidência do G20, uma Força-Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima. Queremos chegar na COP 30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada entre mitigação, adaptação, perdas e danos e financiamento, assegurando a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas. Esperamos contar com o engajamento de todos”.
REFORÇO NO AUXÍLIO – O presidente da República em Exercício, Geraldo Alckmin, embarca com uma comitiva neste domingo, 10/9, para o Rio Grande do Sul para visitar regiões castigadas pelas fortes chuvas que atingiram o estado e reforçar as ações que vêm sendo tomadas pelo Governo Federal desde o início da semana. O deslocamento foi anunciado nesta sexta, 8/9, após reunião com diversos ministros e secretários. Seguindo orientações do presidente Lula, foi criado um comitê permanente de apoio ao Rio Grande do Sul.
“Como disse ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, orientei o governo a estar de prontidão. Prontamente, Geraldo Alckmin e os ministros e ministras formaram um comitê permanente de apoio ao Rio Grande do Sul. Estamos atuando em todas as frentes. Maquinário, tratores, distribuição de 20 mil cestas de alimentos e kits de saúde para cerca de 15 mil pessoas. Além disso, o valor de R$ 800 por pessoa será disponibilizado às prefeituras para remediar os danos causados pelas fortes chuvas”, afirmou o presidente Lula pelas redes sociais.
O G20 – O grupo é formado por África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia e União Europeia. Para esta cúpula, também foram convidados Bangladesh, Egito, Emirados Árabes, Espanha, Ilhas Maurício, Nigéria, Omã, Países Baixos e Singapura.
O grupo responde conjuntamente por cerca de 80% do PIB mundial e 75% do comércio internacional, além de dois terços da população e 60% do território do planeta. No encerramento da cúpula de Nova Delhi, no domingo, 10/9, o Brasil receberá da Índia a incumbência de presidir o G20 no próximo mandato, que se inicia em 1º de dezembro deste ano e irá até 30 de novembro de 2024. Nesse período, o país deverá organizar mais de 100 reuniões oficiais, que incluem cerca de 20 reuniões ministeriais, 50 reuniões de alto nível e eventos paralelos como seminários.