Apesar de sempre associada à perda de memória, a doença sempre vem acompanhada de outros sintomas, que costumam progredir para transtornos mentais, como depressão e ansiedade; psiquiatra da SIG, comenta
Cerca de 1,2 milhão de pessoas são afetadas pelo Alzheimer só no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. A doença, predominantemente em idosos, é uma das principais causas de demência em todo mundo e impacta consideravelmente a qualidade de vida do paciente e de seus familiares, que muitas vezes não conseguem ajudar essas pessoas.
“As pessoas com Alzheimer têm dificuldade para se lembrar de informações, nomes, eventos e, ao longo do tempo, passam a ter sintomas mais intensos, pois trata-se de uma doença que progride ao longo do tempo”, comenta o Dr. Ariel Lipman, médico psiquiatra e diretor da SIG – Residência Terapêutica. “Conforme o tempo passa, os sintomas ficam mais severos e esse paciente passa a fazer suas necessidades em qualquer lugar, por exemplo, não reconhecem pessoas com quem morou durante toda a vida e precisam de ajuda para qualquer tarefa básica”, completa o especialista.
Apesar de ser uma doença neurológica, o Alzheimer necessita de tratamento multidisciplinar, incluindo o acompanhamento de um psiquiatra. Isso porque esses pacientes têm grandes chances de desenvolverem depressão, alteração do sono, ansiedade, apatia e até mesmo agressividade.
Segundo Solange Tedesco, terapeuta da SIG em São Paulo, o termo “demência” é bastante genérico, não se refere a um único transtorno, mas engloba várias condições crônicas englobando múltiplos déficits cognitivos, caso do Alzheimer, a demência tem um início gradual, de progressão lenta e constante que além da deterioração da memória apresenta também , pelo menos, a alteração de uma das funções cognitivas, como na linguagem, praxia, gnosia e funções executivas.
“A residência terapêutica especializada em transtornos mentais tem tanto a importância no diagnóstico e acompanhamento precoce, no diagnóstico diferencial e comorbidades associadas, como na gestão do cuidado ao longo do tempo. Como os sintomas variam entre as fases do quadro demencial, a necessidade de adaptação ativa do cuidado em todas as esferas é fundamental para um melhor prognóstico ou minimização dos prejuízos esperados. É função de uma boa residência terapêutica a gestão de cada caso, chamamos de manejo de caso, onde se ajuda a encontrar as soluções necessárias para cada necessidade de cuidado”, opina.
Residência terapêutica ou casa de repouso?
O destino de um paciente com Alzheimer em um estágio muito avançado, pode ser uma casa de repouso, afinal, estamos falando, na grande maioria dos casos, de pessoas idosas, mas na opinião de Solange Tedesco, a abordagem de uma residência terapêutica pode ser mais interessante.
“Existem diferenças nos projetos e propostas entre residências terapêuticas, residenciais de idosos ou ILPis (instituições de longa permanência). Essas diferenças não são necessariamente claras na apresentação desses dispositivos. Entendemos a SIG-RT como um sistema de gestão do cuidado integrado que utiliza a cidade, a vida comunitária, a família/ rede social mínima tanto para a coparticipação como para utilizar ou criar recursos para promover a saúde mental em todas as suas esferas: psicológica, social, física, espiritual, ambiental e existencial, considerando as dimensões da capacidade particular de cada morador”, comenta ela.
Não é um lugar de chegada e espera. É um lugar de gestão do cuidado e da própria vida, com recursos compartilhados entre cada morador com uma equipe especializada, gerando habilidades remanescentes, criando inéditas, em qualquer etapa da vida ou do adoecimento. Isso nos exige um olhar e atos individualizados para que todas as necessidades sejam atendidas com acolhimento”, completa.