Na última edição apresentei os problemas causados pelo greenwashing e suas consequências. Várias entidades ao redor do mundo têm buscado ferramentas que possam coibir a prática. A pressão de instituições globais como G20, IOSCO – Organização Internacional das Comissões de Valores Mobiliários e inúmeros investidores culminou na criação do ISSB – Conselho de Normas Internacionais de Sustentabilidade, anunciado oficialmente na COP26 (Glasgow 2021). O ISSB possui 4 linhas de atuação:
- Desenvolver padrões para divulgação de informações sobre sustentabilidade;
- Atender às necessidades de informação dos investidores;
- Orientar as empresas a fornecerem informações abrangentes sobre sustentabilidade aos mercados de capitais globais e;
- Facilitar a interoperabilidade com divulgações específicas de cada País e/ou destinadas a grupos mais amplos de partes interessadas.
Foi criado assim o que carinhosamente chamo de “Contabilidade Verde”.
Primeiros Padrões Mundiais
Após 20 meses de trabalho, o ISSB emitiu recentemente as duas primeiras normas: IFRS 1 e IFRS 2 iniciando assim uma nova era de divulgações relacionadas à sustentabilidade para os mercados de capitais em todo o mundo. As normas ajudarão a aumentar a confiança nas divulgações das empresas sobre sustentabilidade, embasando assim os investimentos ESG. Destaque para a linguagem comum para a divulgação dos riscos climáticos, seus efeitos bem como oportunidades relacionadas ao negócio de uma empresa.
A IFRS S1 é constituída de um conjunto de requisitos focados na divulgação de resultados de forma que as empresas comuniquem aos investidores de forma clara e objetiva os riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade que enfrentarão em um curto, médio e longo prazo.
Já a IFRS S2 é focada na divulgação específica de informações relacionadas às mudanças climáticas, tendo sido fundamentada, em sua totalidade, nas recomendações da TCFD – Força Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima.
Ambas possuem como missão fundamental a garantia de que as empresas quando da publicação de suas demonstrações financeiras, o façam de forma integrada com as informações relacionadas à sustentabilidade. Sua utilização pode ser feita em conjunto com quaisquer exigências contábeis em qualquer País, pois usaram como premissas os mesmos conceitos que sustentam as normas contábeis da IFRS exigidas em mais de 140 países.
Conforme informado pelo CFC – Conselho Federal de Contabilidade, o coordenador de Operações do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade, Sr Zulmir Breda, destacou ser um momento aguardado pelo mercado, pois se constitui em um passo importante no caminho da construção de um padrão uniforme e robusto para as empresas promoverem a divulgação das ações de sustentabilidade.