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AIB News: Intriga Internacional: o Presidente, a Rainha e a Viagem

 

Um general que é o presidente de um dos maiores países da América Latina faz uma viagem oficial à uma monarquia europeia. Em meio a esta trama, se misturam interesses comerciais e militares e denúncias e protestos contra violações de direitos humanos.

Este enredo que lembra roteiros de mestres do cinema político como Bertolucci ou Costa-Gravas, é contado no livro “Geisel em Londres: a Visita de Estado em 1976 e a Questão dos Direitos Humanos,” do jornalista e escritor Geraldo Cantarino e lança luz sobre um capítulo pouco explorado da história brasileira: a viagem do presidente Ernesto Geisel ao Reino Unido em 1976.

Foi a primeira viagem oficial de um chefe de Estado brasileiro às terras britânicas e deveria ser um marco nas relações diplomáticas entres os 2 países, pois o momento do chamado ‘’milagre econômico brasileiro’’ e o discurso de abertura política de Geisel, fizeram o governo britânico crer que era um momento oportuno para estreitar laços e fazer negócios com o Brasil.

De fato, foram acertados acordos que levaram os britânicos a participarem da construção da usina siderúrgica da Açominas e na Ferrovia do Aço. E logo após a visita, o Reino Unido se tornou o maior fornecedor de armamentos para o Brasil entre 1976 e 1980, chegando a ficar à frente dos EUA. Entre os itens havia fragatas, submarinos, helicópteros, mísseis e motores para aviões a jato.

Cantarino mergulha ainda no contexto político da época. Parlamentares, acadêmicos, jornalistas britânicos e até a Anistia Internacional protestaram contra a visita, denunciando a falta de liberdade política e violações de direitos humanos no Brasil, classificando a viagem como ‘’um erro moral’’.

Mas a visita também teve seus momentos de pompa e circunstância. Geisel ficou hospedado no célebre Palácio de Buckingham com a família real britânica, participou de um farto banquete com a rainha Elizabeth II e passeou de carruagem ao lado dela pelas ruas de Londres, com direito à escolta de cavaleiros da Guarda Real em uniforme de gala.

A viagem também gerou o maior número de documentos diplomáticos britânicos sobre o Brasil durante todo o período do regime militar brasileiro (1964-1985). São dezenas de pastas com telegramas, cartas, despachos, pareceres, memorandos, diretrizes e planejamento de cerimonial, que hoje estão no The National Archives (TNA), o arquivo oficial do governo britânico. No entanto,20 páginas ainda estão sob sigilo absoluto até hoje!

Geraldo Cantarino é um jornalista brasileiro radicado há décadas na Inglaterra onde cursou o mestrado em Documentário para TV na Universidade de Londres. É autor de outros 4 livros, entre eles: ‘’1964 – a Revolução para Inglês Ver’’ (1999) e ‘’A Ditadura que o Inglês Viu’’ (2014)’’.

O livro “Geisel em Londres: a Visita de Estado em 1976 e a Questão dos Direitos Humanos,” cativa o leitor e é uma contribuição valiosa para o entendimento de um período crucial da história política brasileira.

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