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Palhaçaria feminina se reúne em festival internacional no Rio de Janeiro

Criado pelo grupo “As Marias da Graça”, nona edição do festival “Esse monte de mulher palhaça” acontece entre 14 e 17 de dezembro

Chegando na nona edição, o festival “Esse monte de mulher palhaça” acontece de 14 a 17 de dezembro, no Sesc Tijuca, trazendo uma programação variada de espetáculos nacionais e internacionais, oficinas, mesas de debate e muito mais. Criado em 2005 pelo grupo “As Marias da Graça”, o evento bienal tem como principal objetivo fomentar, dar espaço e visibilidade para a palhaçaria dedicada e feita por mulheres em toda a sua diversidade.

Lá se vão mais de 30 anos desde que o grupo “As Marias da Graça” vestiu seu figurino, colocou o nariz de palhaça e saiu pelas ruas do Rio de Janeiro dando início a história da palhaçaria feita por mulheres no país. De lá para cá muita coisa mudou. Se, até os anos 90, a palavra palhaça nem existia, hoje, ela se perpetuou e fez surgir uma geração de mulheres palhaças que vivem da profissão.

“Quando começamos em 1991, não tínhamos ideia de onde íamos chegar. Hoje, já são mais de 15 festivais de mulheres palhaças no Brasil. É o país com maior número de festivais no mundo”, conta Karla Concá, uma das fundadoras do grupo, hoje formado por ela, Vera Ribeiro, Geni Viegas e Samantha Anciães e Ana Borges.

Nesta edição, o festival apresenta oito espetáculos vindos de diferentes partes do país e do mundo com foco dramatúrgico na mulher e na expressão da mulher. “Tem espetáculos que falam de assédio, abuso, violência, outros que falam sobre maternidade. “Nossa Chiquinha Gonzaga também não ficará de fora”, explica Karla.

Quem vem ilustrando o festival de 2023 é Baubo, conhecida como a deusa da alegria e da obscenidade. “Baubo é uma grande inspiração para nós mulheres. É uma deusa divertida, obscena, brincalhona e muito sábia. Nos ensina a viver com alegria e ser parte integrante dos grandes ciclos da natureza. Todas as mulheres deveriam conhecer e se conectar com a Baubo”, reflete Karla.

A primeira edição do “Esse Monte de Mulher Palhaça” aconteceu em 2005 justamente com o objetivo de ajudar a transpor a ausência da palhaçaria feminina no Brasil, tornando-se um local de encontro e de formação de rede para as artistas. Nas oito edições bienais, que somam 24 oficinas, 109 espetáculos, mais de 300 palhaças brasileiras, 50 palhaças internacionais foram mobilizadas. Um público estimado em 8000 pessoas e inspiração para festivais e encontros de palhaçaria feminina, o “Esse Monte de Mulher Palhaça” se consolida como protagonista no fomento à articulação, discussão e troca de experiências entre mulheres que se dedicam à palhaçaria.

Mostra de Espetáculos

A abertura, dia 14, acontece com a montagem “Cabaré Divinas Tetas”, de Belo Horizonte (MG). Em formato de espetáculo de variedades, a obra aborda artisticamente temas caros ao universo feminino, humanizando o jogo do encontro para falar sobre a fatalidade de ser quem se é.

A programação dá sequência, no dia 15, com “Rodando”, de Mar Del Plata (Argentina), estrelado por Espuma Bruma, professora de literatura que resolveu viajar pelo mundo com sua corda bamba. De Palmas (TO), o festival apresenta “As Charlatonas”, da Trupe-Açu Cia de circo de Taquaruçu, que fala sobre a importância da diversidade feminina para o desenvolvimento da humanidade. O dia fecha com “Clowns en la Pista del Swing”, espetáculo do Chile, composto por uma série de rotinas cómicas desenvolvidas em duplas e solos, com pequenas intervenções, que vão ligando cada um dos quadros.

O terceiro dia de festival abre com “Umana”, de Portugal, um solo dramático cómico, encenado por Maria Simões, sobre o envelhecimento e a vontade da eterna juventude, feminino, íntimo, cómico e festivo. Em “Vírgula iLtda”, Jéssica Alves dá vida a Vírgula, uma trabalhadora como todas, que vive fechada no escritório, atrás da mesa cheia de papéis, lutando para se concentrar em suas tarefas.

No domingo, acontece o espetáculo “Uma saga na Quarentena”, do Rio de Janeiro, a única que conta com a presença de um homem em cena. Desde a edição de 2012, foi aberto um recorte para que a família circense pudesse estar inserida no Festival, espaço chamado de “Circo de Família”. Nesse contexto, são convidadas mulheres que atuam com seus parceiros e que tenham na proposta dramatúrgica o viés da equidade de gênero.

Diretamente de Brasília, o evento traz “Abre Alas Uma Valsa a Doidivanas”, um espetáculo cômico musical, criado a partir das referências do circo-teatro, da musicalidade das palhaças cantoras, dos excêntricos musicais e da compositora, pianista, maestra brasileira Chiquinha Gonzaga, grande nome da música brasileira nos séculos XIX e XX. A programação encerra com um grande Cabaré, composto por nove mini espetáculos (de até 5m) com a participação de Lilian Mattos, Vilma Casé, Águeda Ferreira e Zeza Barral como mestres de cerimônias.

Atividades Extras

O festival conta com três lançamentos de livros: “Filosofias de Concessa”, de Cida Mendes; Memórias de Hospital: relatos de uma palhaça apaixonada” de Enne Marx e Bololôs, “Armários, Moitas e Ruínas: apontamentos sobre comicidade e dissidência” de Manu Castelo Branco.

Também serão promovidas duas mesas de debates com foco em Políticas Públicas para cultura e Mercado de Trabalho. A primeira, dia 16, vai debater sobre políticas públicas em si. A segunda, dia 17, vai discutir sobre as diferentes formas de fazer humor, passando pelo Stand up à palhaçaria.

Por fim, o festival oferece quatro oficinas. Dia 14, acontecem duas oficinas paralelas: “Palhaçaria de Terreiro”, com Antonia Vilarinho, de Santa Catarina; e Oficina Palhaçaria Social”, com Maria Simões, de Portugal. No dia 15, é a vez de Adriana Morales, Dagmar Bedê, Eli Nunes e Rafael Bacelar (Minas Gerais), ministrarem a oficina “Política, sexualidade e identidade na performance de cabaré”. E de 18 a 22, acontece a oficina “Dramaturgia na Palhaçaria”, com Karla Concá e Ana Borges (RJ/MG), de forma online.

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