Um gigantesco balão dirigível militar se choca contra um morro numa ilha do litoral brasileiro em plena Segunda Guerra Mundial.
Em janeiro de 1944, numa operação de patrulha para monitorar as rotas marítimas e garantir a segurança da costa brasileira contra ataques de submarinos alemães, o K-36, uma aeronave dirigível da Marinha dos EUA , decolou da Bahia com destino à Base Aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro. No entanto, a missão que parecia rotineira, tomou um rumo inesperado.
Na madrugada do dia 17, o piloto se desorientou por causa de um forte nevoeiro e também do farol desligado por precaução contra ataques inimigos. Com a falta de iluminação em terra, acabou se chocando contra um morro na Ilha do Farol, em Arraial do Cabo, uma então pacata vila de 2 mil habitantes, na Região dos Lagos do Rio.
Os moradores locais, principalmente pescadores, se mobilizaram para resgatar os militares americanos presos na ilha, após a queda do zeppelin, um gigante de quase 80 metros de comprimento, o equivalente a meio campo de futebol. Felizmente, dos 9 tripulantes apenas 2 ficaram feridos e sem gravidade.
Esse verdadeiro roteiro de filme é uma história real, pouquíssimo conhecida, contada no livro ‘’K-36: O Zeppelin Que Caiu no Cabo’, do pesquisador e escritor Leandro Miranda.
O trabalho de pesquisa passou por arquivos das Forças Armadas brasileiras, Arquivo Nacional, Museu Nacional e até documentos oficiais da Marinha dos Estados Unidos.
O autor também colheu relatos de integrantes da tripulação do K-36, pescadores que ajudaram no resgate e até de uma moradora, uma das poucas pessoas que falava inglês na região na época, que serviu de intérprete com os americanos.
O livro traz passagens muito interessantes, como o receio inicial dos moradores que o zeppelin caído pudesse ser uma aeronave alemã. Ou toda a engenharia para resgatar as bombas de profundidade que o K-36 trazia, sem que houvesse uma explosão com consequências trágicas.
Mas a esta altura o leitor ou leitora deve estar se perguntando: ’’mas e o alicate?’’
Bom, a história é a seguinte: um dos pescadores que auxiliou no resgate da tripulação e da estrutura do K-36, ganhou de um dos americanos um alicate, como agradecimento pela ajuda.
E este pescador era avô do Leandro Miranda, autor do livro. Este alicate passou do avô para o pai do Leandro e finalmente para ele. E foi este instrumento e as histórias que o avô contava para ele desde criança sobre o caso, que o motivaram a fazer a pesquisa e escrever o livro.
Hoje, quem vai desfrutar das paradisíacas praias de Arraial do Cabo nem imagina que esse fato aconteceu por ali. Neste sentido, ‘’K-36: O Zeppelin Que Caiu no Cabo’’, é mais do que um livro, é um verdadeiro resgate de uma das passagens menos conhecidas da Segunda Guerra Mundial e também um alerta de que a guerra pode chegar até onde menos se espera.