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Após oito anos, Refauna avança e libera segundo grupo com sete macacos-bugios no Parque Nacional da Tijuca em busca de diversidade genética 

Refaunação de um dos 25 primatas mais ameaçados de extinção no mundo começou no Parque em 2015, ano que marcou o fim da extinção local de 200 anos da espécie no PNT 

O Parque Nacional da Tijuca (PNT) inicia 2024 com mais vida em suas florestas. No fim da manhã desta terça-feira (02/01/2024), após oito anos, a ONG Refauna reintroduziu mais sete macacos-bugios (Alouatta guariba) no parque nacional mais visitado do Brasil. Juntos, esses animais formam a nova família que vai compartilhar a área de Mata Atlântica incrustrada no meio da cidade com um outro grupo de bugios, o qual começou a se formar em 2015. Há oito anos, a reintrodução de um primeiro casal pelo Refauna marcou o término da extinção local desta espécie, que não era vista nas florestas da Unidade de Conservação há mais de 200 anos.  

Atualmente, o Parque tem oito macacos-bugios, que são o casal introduzido em 2015 e seus seis filhotes – o que estabeleceu uma taxa de natalidade de um filhote por ano desde o início da refaunação, superando o índice de outros lugares naturais.  

Já os sete novos integrantes, que ganharam a vida livre nesta manhã, são compostos por um macho e seis fêmeas. Dessa nova turma, os indivíduos mais velhos têm entre 13 e 15 anos e, os mais novos, entre 8 meses e 3 anos. Eles chegam com o objetivo de ajudar a consolidar a presença dos bugios em terras cariocas graças à interação que devem estabelecer com o grupo já existente, podendo resultar em aumento da população e da diversidade genética. Além disso, agora que estão soltos no Parque, eles vão colaborar com a dispersão de sementes de árvores que só eles conseguem interagir, ajudando a manter de pé a Mata Atlântica da Unidade de Conservação. 

“Precisamos recuperar a população de bugios, que são um dos 25 primatas mais ameaçados do mundo. Os animais que serão reintroduzidos agora são o primeiro grupo liberado depois da vacinação contra febre amarela, cuja epidemia em 2017 afetou fortemente o número desses animais no Sudeste, levando à criação de um comitê de manejo integrado de bugios. Graças a uma parceria com a Fiocruz, foi adaptada a vacina da febre amarela de humanos para os primatas, garantindo a proteção dos bugios que serão soltos no Parque”, explica Marcelo Rheingantz, diretor-executivo do Refauna e biólogo da UFRJ. 

Viviane Lasmar, a chefe do Parque Nacional da Tijuca, destaca o apoio ao projeto por meio dos servidores e funcionários, equipamentos, execução das atividades de campo e de transporte dos animais. “Atuamos em conjunto com o Refauna e com as demais instituições parceiras porque um trabalho deste nível só em possível em grupo, nunca sozinho.”, ressalta Viviane. 

Ela frisa, ainda, que a reintrodução dessa nova família de bugios, depois de anos de trabalho, é mais uma ação que combate a síndrome da floresta vazia, um problema que precisa ser solucionado. 

Neste sentido, aumentar a diversidade genética da população de bugios é um fator importante para combater esse problema, pois ajuda a garantir a consolidação da população desses animais, ressalta Silvia Bahadian Moreira, veterinária do INEA-RJ e do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro. Silvia, que fez o acompanhamento médico das espécies que ganharam a liberdade hoje, explica a importância da inserção de novos indivíduos. “É preciso aumentar a variabilidade genética e esse novo grupo praticamente dobra o patrimônio genético dessa população, aumentando as chances deles se manterem e crescerem. Eles aumentam o valor da floresta em termos de biodiversidade, já que restabelecem processos ecológicos complexos que estavam perdidos”, explica Silvia. 

A reintrodução de hoje e que marca o começo de 2024 não aconteceria sem a união do Refauna com o Parque Nacional da Tijuca, o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro do INEA (CPRJ-INEA), a Fiocruz, o Centro de Recuperação de Animais Selvagens da Universidade Estácio de Sá, o Comitê de Manejo Integrado de Alouatta, CPB-ICMBio, a UFRJ, a UFRRJ, o IFRJ-RJ, a Ecomimesis e a National Geographic Society.

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