No mês da conscientização sobre a saúde mental, especialistas reforçam a importância da prevenção de problemas associados ao estresse, como depressão, pânico e ansiedade, mal que afeta mais de 9% da população brasileira.
A Organização Mundial da Saúde, OMS, apontou que mais de 9% da população do Brasil há recebeu diagnóstico de ansiedade, o que representa que quase 20 milhões de brasileiros já precisou ou precisa de apoio para lidar com o problema. Com tanta gente demandando cuidados com um dos aspectos que prejudicam a saúde mental, com frequência o noticiário tem apontado a preocupação de profissionais da saúde, empresas, autoridades e até celebridades. A realidade refletida nas reportagens alerta para a importância dos cuidados com o bem-estar de mente e corpo.
No mês em que o tema ganha ainda mais evidência, por conta da campanha Janeiro Branco, especialistas no assunto reiteram a importância de observar com mais afinco sintomas que podem passar despercebidos na rotina do dia a dia e se agravam por conta da ausência de tratamento.
“A conscientização sobre os cuidados psicológicos é um convite para priorizarmos o nosso bem-estar emocional e começarmos o ano cientes da importância de investir em uma rotina equilibrada, em meio às crescentes pressões do cotidiano”, comenta Sabrina Abreu, psicóloga da Amparo Saúde, empresa do Grupo Sabin que atua em atenção primária e contribui para a gestão de saúde de grupos populacionais em empresas por meio de programas, linhas de cuidados coordenados e telemedicina dentro de uma jornada híbrida (remota e presencial) de cuidado.
Outro levantamento, desenvolvido pelo Instituto Data Folha, revelou que três em cada dez brasileiros se sentem ansiosos e reportaram problemas com sono e alimentação. O mesmo report mostrou ainda que apenas 7% da população avalia a sua saúde mental pessoal como ruim ou péssima, enquanto outros 70% dos brasileiros consideram a saúde mental como ótima ou boa. Dessa forma, o percentual dos que consideram a saúde mental regular é de 23%.
“Estes índices mostram certa contradição e indicam que tipo de percepção as pessoas têm sobre si, mas também nos levam a questionar se estão enxergando com fidedignidade a qualidade da própria saúde mental. Por isso, o Janeiro Branco desempenha um papel importante no entendimento do tema, principalmente para eliminar o estigma associado a questões emocionais. Importante falarmos abertamente sobre a vida emocional. Esta campanha é também sobre compartilhar dores e romper esse paradigma de que quem não está 100% saudável mentalmente é fraco. Porque não é!”, detalhou a especialista.
Copo meio cheio: estudos apontam mudanças de comportamento social
Por outro lado, 85% das pessoas dizem priorizar a saúde mental, além de altos índices também apontarem valorizar a saúde social, espiritual e o bem-estar físico. Essa mudança de comportamento social está refletida no estudo recente do McKinsey Health Institute, feito em 19 países, que apontou ainda que os amigos e familiares são vistos como aspectos fundamentais para alcançar esse bem-estar.
Outros indicadores, apresentados nos dados assistenciais divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), indicam um aumento significativo na procura por atendimento especializado para cuidados da saúde mental em 2022. Consultas com psicólogos aumentaram 25%, atingindo 35 milhões, enquanto as internações por transtornos mentais cresceram 21%, totalizando 267 mil. Houve também um aumento de 6% nas consultas com psiquiatras, chegando a 5,6 milhões de atendimentos.
A especialista observa ainda que buscar orientação e informações clínicas pode ser vital para detectar e tratar problemas e traumas de forma correta, para transformar comportamentos e impactar positivamente toda a vida.
“O apoio profissional é um diferencial, seja de maneira individual ou também dentro do ambiente de trabalho. Precisamos encarar esses problemas assim como qualquer outro relacionado à saúde, indo ao médico, se cuidando, porque a saúde mental é tão importante quanto a física, a combinação das duas que nos faz operar bem. Buscar e encontrar a ajuda e orientações corretas pode revolucionar velhos hábitos e promover, de fato, mudanças significativas a curto prazo, com resultados ao longo da vida”, detalhou.
Dicas da especialista:
Como cuidar da saúde mental
– Estabeleça metas que provoquem mudanças gradativas de vida, rotina ou hábitos, com planejamento adequado e recursos necessários. Caso contrário, as metas podem se tornar inatingíveis, gerando frustração e consequentemente abalo emocional.
– Defina objetivos reais com prazos mais curtos e/ou divididos em etapas.
– Adote um comportamento de auto-observação que seja realizado com generosidade, continuidade e acolhimento.
– Reconheça seus méritos, habilidades e recursos internos para lidar com as adversidades;
– Invista em uma rotina de atividades que proporcionem satisfação, com momentos de lazer, prática de hobbies, esportes ou atividade física propiciam bem-estar psíquico
– Adote bons hábitos alimentares e tente dormir bem também;
– Mantenha a consciência sobre os sentimentos para detectar emoções e, se preciso, fazer mudanças em direção ao bem-estar e busque ajuda se tiver dificuldade com isso;
– Dedique atenção ao momento presente, focando em ações possíveis, naquilo que está no controle para aproveitar as experiências atuais.
“A dor emocional, associada ou não a um transtorno mental, pode ser prevenida ou amenizada, se cada um tiver discernimento sobre as estratégias para cuidar da saúde mental. Reconhecer o problema é o primeiro passo para melhorar a qualidade de vida”.