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Serra: A Revolta dos Beckman II

Caro leitor, seguimos aqui neste espaço contando um pouco das revoltas que aconteceram em nosso país, movimentos que fazem parte da nossa história. Dessa vez desembarcamos no Maranhão para aprender mais sobre a Revolta dos Beckman vejamos agora a segunda parte de nossa história

Toda essa situação irritou os colonos de São Luís, principalmente aqueles cujas atividades econômicas eram bem estabelecidas .  Após  alguns meses de preparação e se valendo da ausência do Governador que se encontrava em Belém do Pará, a Revolta dos Beckmans, como ficou conhecida, eclodiu na noite do 24 de fevereiro de 1684, durante as festividades de Nosso Senhor dos Passos. A liderança da revolta ficou a cargo dos irmãos Manuel e Tomás Beckman ( Senhores de Engenho), de Jorge Sampaio de Carvalho e com a adesão de outros proprietários e comerciantes, igualmente insatisfeitos com o governo.

Homens armados renderam a guarda local, tomaram o controle da Casa de Estanco, onde a Companhia vendia suas mercadorias, em seguida tomaram o controle dos pontos mais importantes de São Luís e fizeram a prisão de alguns representantes do Rei de Portugal.

No dia seguinte, a revolta estava consolidada e  organizada na Câmara Municipal dando inicio, assim, ao novo governo conhecido como Junta Geral de Governo, composta por seis membros,  sendo dois  representantes  de cada segmento social: latifundiários, clero e comércio, os quais tinham como principais deliberações a deposição do Capitão-Mor, a deposição do Governador, o fim do Estanco (monopólio sobre um produto de forma ilegal), a expulsão dos jesuítas da Companhia de Jesus e a extinção da Companhia de Comércio do Maranhão.

A junta enviou emissários a Belém do Pará onde se encontrava o governador deposto objetivando  obter adesão dos colonos locais por causa da rebelião. Houve uma contraproposta, por parte do governador para que os revoltosos depusessem suas armas em troca da abolição da Companhia, da anistia para todos os envolvidos  na revolta e ainda cargos e verbas. Proposta que foi imediatamente  recusada pelos emissários da Junta. Do mesmo modo a Junta enviou Tomás Beckman à Corte em Lisboa como emissário, visando convencer as autoridades que o movimento era procedente e justo. Sem ter o sucesso esperado, Tomás recebeu voz de prisão e foi trazido preso de volta ao Maranhão.

           A Revolta teve duração de pouco mais de um ano perdendo forças em 1685 quando a Metrópole Portuguesa enviou uma esquadra para retomar o domínio portugues na região e com ela veio Gomes Freire que foi designado para ser o novo governador da colônia

          Gomes Freire restabeleceu as autoridades depostas, foi responsável pela condução das  punições dos revoltosos, ordenando a prisão e julgamento de todos os envolvidos no movimento, assim como o confisco de suas propriedades. Expediu ordem de prisão contra Manuel Beckman que fugira. Foi oferecida a recompensa pela sua captura, o cargo de Capitão das Ordenanças. Lázaro afilhado e protegido de Manuel o traiu, entregou o padrinho e recebeu sua recompensa.

Apontados como líderes da Revolta, Manuel Beckman e Jorge Sampaio foram sentenciados à morte por enforcamento. Outros revoltosos foram degredados e alguns punidos com açoite, em praça pública. Tomás Beckman que havia recebido voz de prisão, em Portugal, teve a pena de prisão perpétua. Manuel Beckman faz sua última declaração, em novembro de 1685 a caminho da forca, “morro feliz pelo povo do Maranhão”. Como os bens de Manuel haviam ido a hasta pública, Gomes Freire os arrematou e os devolveu à viúva e às filhas de Manuel Beckman.

Gomes Freire de Andrade, então governador do Maranhão, extinguiu no ano de 1685 a Companhia de Comércio do Maranhão e em 1688 revogou o decreto que proibia a escravização de indígenas.

Quando os portugueses conseguiram, enfim, consolidar o domínio na região, houve a separação do Maranhão e Grão -Pará (1772). Após esse período conturbado o Maranhão ficou bastante esquecido por quase dois séculos e, somente, a partir da segunda metade do Século XVIII e início do Século XIX, quando a cultura do algodão passou a ter relevância econômica  foi que a Província do Maranhão prosperou e a Capital São Luiz passou a ser quarta cidade mais importante da colônia portuguesa, atrás apenas do Rio de janeiro, de Salvador e de Recife.

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