Começo minha colaboração junto ao Jornal DR1, com uma série de textos sobre o tema em nosso título.
Léo Christiano Soares Alsina (1941-2021) foi convocado, em 2010, por Ricardo Vieiralves de Castro, reitor da UERJ, para ajudar na edição de alguma publicação que remetesse ao sexagésimo aniversário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Léo Christiano não hesitou em responder a Vossa Magnificência. “Vamos escrever um livro sobre o Jogo do Bicho!” De fato, contam as boas línguas, que o terreno no qual fora construída a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, pertencia a um bicheiro e que, após a remoção da Favela do Esqueleto, ele o doaria para a construção da Universidade.
O livro de 120 páginas, com o título peculiar “O Jogo de Deus, do Homem e do Bicho”, escrito e editado em 2010, conta histórias muito interessantes. Uma delas chama atenção sobre informações norteadas de um outro livro citado por Léo Christiano: “Noel, Uma Biografia”. Criação de João Máximo e Carlos Didier, nele revela de onde João Batista Vianna de Drummond (1825-1897), o Barão de Drummond, tirou a inspiração de criar uma loteria com animais.
O Jogo do Bicho fora inspirado no Jogo das Flores, curiosamente desenvolvido por um mexicano, Manuel Ismael Zevada, que tinha seus negócios no Centro da Cidade. Não há relato temporal exato, sobre a data de nascimento e morte do mexicano, tampouco este encontro entre o Barão e Zevada, no entanto, era o final do império e o nascimento da República.
O que causa perplexidade, foi a intuição do Barão de Drummond, em perceber o bom desempenho da loteria das Flores e sabendo que não teria mais patrocínio do Imperador para o seu Zoológico de Vila Isabel, contrata o mexicano para gerenciar seu Jardim Zoológico. O Jogo do Bicho nasceu para manter o Zoológico e seus animais.
O inteligente mexicano Zevada tentou implantar o lucrativo e já famoso Jogo do Bicho em outros lugares, entretanto, mesmo naquela época, foi perseguido pelo fiscal de finanças do governo, chamado David Morethson Campista (1863-1911); segundo Léo Christiano, David Campista foi secretário de Finanças de Minas Gerais em 1899 e ministro da Fazenda do presidente Afonso Pena, entre 1906 e 1909. Depois disso, David Campista virou nome de rua no bairro do Humaitá.
A legalidade do Jogo do Bicho, que teoricamente inicia em 13 de outubro de 1890, com o aditivo ao contrato de criação do Jardim Zoológico de Vila Isabel, acaba em 1895, com ato do prefeito do Distrito Federal, Francisco Furquim Werneck de Almeida.
Em 1897, faleceu o Barão de Drummond, aos 72 anos de idade. Lamentavelmente, nem o Barão, tampouco (…) seus herdeiros, conseguiram reaver a anuência das autoridades para sua liberação, entretanto, o Jogo do Bicho espalhou-se como uma febre pelo país, (…) conquistando até a fama do “jogo mais honesto” infelizmente, sempre na ilegalidade (extraído do livro “O Jogo de Deus, do Homem e do Bicho”).
O Jogo do Bicho é uma loteria como outra qualquer, entretanto, inteligente; aliás, há necessidade de se fazer alguns cálculos preliminares para se tentar a sorte. Léo Christiano menciona outro livro “O Jogo do Bicho à luz da matemática”, de Malba Tahan, este autor, pediu para que seu livro fosse publicado somente após sua morte. Nele, Malba Tahan revelava as inúmeras vantagens de se jogar no bicho.
Continua…