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Ars Gratia Artis: Itan de Exú e Oxalá

Frequentemente Oxalá tinha notícia dos feitos de Exú e de sua fama de inteligente, perspicaz e irreverente. Desafiado frequentemente, ninguém conseguia vencer uma aposta ou disputa contra Exú.

Duvidando de toda esta fama, Oxalá anunciou aos quatro cantos que tinha certeza de ser Exú apenas um esperto que enganava tolos. Resolveu, então, que iria provar que Exú não era tudo isso que se falava dele. Assim, Oxalá, mandou chamar Exú em seu palácio.

Assim que chegou ao palácio, Exú foi muito bem recebido e levado à presença de Oxalá, que desafiou Exú a lhe servir o melhor prato do mundo. Exú prontamente aceitou o desafio e foi, então, direto ao mercado da cidade. Trouxe uma grande quantidade de língua bovina. Cozinhou e deu a Oxalá, que, ao provar a comida, viu que o rapaz era realmente excepcional e entendia das coisas.

Aquilo era realmente delicioso, e, assim, Oxalá se fartou até não mais conseguir olhar para a comida. Ainda decidido a provar que poderia vencer a perspicácia de Exú, Oxalá, em seguida, pediu a ele que lhe trouxesse o pior prato do mundo.

Exú voltou, então, ao mercado, comprou o resto do estoque de língua bovina e, assim, preparou novamente o delicioso prato que havia feito anteriormente.

Oxalá olhou aquela maravilhosa iguaria e sentiu seu delicioso aroma e tentou comer; mas estava tão farto daquilo que ficou enojado.

Exu, então, lhe disse: “A língua pode ser boa ou ruim. Tudo depende do uso que se faz dela. Tome cuidado, pois todo excesso, ainda que de coisas supostamente boas, acaba se convertendo em sofrimento”.

Tendo Exú provado seu valor e a verdade sobre sua fama, tal situação deixou Oxalá extremamente constrangido perante Exú e seu povo, pois, ao final, Exú o derrotou e ainda ensinou uma importante lição a Oxalá.

Reginaldo Prandi ” Mitologia dos Orixás “(adaptado)

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