Clementina de Jesus teve um forte papel político na reflexão sobre o lugar do negro no Brasil
Clementina de Jesus da Silva, também conhecida como “Quelé”, se destacou como um dos principais nomes da música popular brasileira, trazendo a ancestralidade negra, e uma voz potente que revolucionou o samba.
Se tornou conhecida por sua habilidade em revitalizar a herança africana na música popular brasileira através de muitos cantos de terreiro, a dona da voz potente, era católica. Ainda é considerada uma das mais importantes e influentes cantoras da história do samba, sendo conhecida como “rainha do Partido-Alto” graças a seu domínio e experiência únicos no livre versejar exigido por essa modalidade do gênero musical.
Cantando o partido-alto, estilo de samba caracterizado pelo improviso, Clementina já abordava temas como a luta contra a discriminação racial, o machismo e valorização da cultura negra. A sambista fez história e ficou conhecida por suas cantigas populares. O álbum “O canto dos escravos”, produzido ao lado de Geraldo Filme e Tia Doca, é um dos trabalhos mais renomados da artista.
Apesar do talento, Clementina de Jesus só foi descoberta pelo grande público aos 63 anos. Trabalhando como empregada doméstica, ela foi apresentada ao produtor musical Hermínio Bello de Carvalho em 1963, que imediatamente reconheceu seu talento. Hermínio a convidou para participar do espetáculo “Rosa de Ouro”, ao lado de grandes nomes como Paulinho da Viola e Aracy Cortes. A estreia foi um sucesso, levando Clementina ao estrelato.
Em 1966, a cantora lançou seu primeiro álbum solo, “Clementina de Jesus – Marinheiro Só”. O disco foi aclamado pela crítica e pelo público, e solidificou sua posição como uma das grandes intérpretes da música brasileira.
A influência de Clementina pode ser sentida em muitas gerações de músicos brasileiros. Artistas como Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Beth Carvalho sempre expressaram admiração e respeito por seu trabalho.
Clementina participou de inúmeros eventos importantes: representou o Brasil no Festival de Artes Negras em Dakar, no Senegal, e também no Festival de Cannes, na França. Mas, com o tempo, seu protagonismo na música foi sendo deixado de lado.