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Black Lives: Cruz e Sousa: O Pioneiro do Simbolismo e Sua Jornada Poética

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A vida e a obra do poeta que enfrentou o racismo para deixar um legado na literatura brasileira

Cruz e Sousa, nascido em 24 de novembro de 1861, com o nome oficial de João da Cruz e Sousa, em Desterro (atual Florianópolis), é um dos principais nomes do simbolismo no Brasil. Filho de escravos alforriados, Cruz e Sousa enfrentou o racismo e a exclusão social ao longo de sua vida, mas superou esses obstáculos para se tornar um poeta de destaque na literatura brasileira.

Desde cedo, Cruz e Sousa demonstrou talento para a escrita. Ele foi educado por seu pai, que era pedreiro, e por seu padrinho, que lhe proporcionou uma boa educação, ensinando-lhe francês e latim. Aos 15 anos, publicou seus primeiros poemas em jornais locais, já evidenciando seu estilo distinto e sua afinidade com o simbolismo.

O Simbolismo, movimento literário que surgia como reação ao parnasianismo, encontrou em Cruz e Sousa um dos seus expoentes mais talentosos. Ele se destacou por sua linguagem rica em simbolismos, sua musicalidade poética e sua exploração de temas como a morte, o mistério e o espiritual. Suas obras refletem uma profunda sensibilidade estética e uma busca por um ideal de beleza pura, transcendental.

Em 1883, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde esperava encontrar um ambiente mais propício para sua carreira literária. No entanto, a discriminação racial e a pobreza continuaram a ser desafios constantes em sua vida. Mesmo assim, ele trabalhou como jornalista, revisor e colaborador de diversos periódicos, e foi coeditor de uma revista que promovia os ideais simbolistas.

A publicação de seu livro de estreia, Missal (1893), uma coletânea de prosas poéticas, seguida de Broquéis (1893), uma antologia de poesias, marcou a consolidação de Cruz e Sousa como um dos principais poetas simbolistas do Brasil. Sua obra é marcada por uma profunda introspecção e pela exploração de temas universais como o sofrimento, a morte e a transcendência espiritual.

Apesar de sua importância literária, Cruz e Sousa viveu uma vida de dificuldades e morreu precocemente, em 19 de março de 1898, aos 36 anos, vítima de tuberculose. Sua morte marcou o fim de uma trajetória literária curta, mas intensa, que deixou um legado duradouro na literatura brasileira.

A obra de Cruz e Sousa ganhou maior reconhecimento póstumo e ele é hoje celebrado como um dos grandes poetas brasileiros, cujo trabalho abriu caminho para novas formas de expressão literária e influenciou gerações posteriores de escritores. Sua poesia, rica em simbolismo e expressividade, continua a ser estudada e admirada por sua profundidade e beleza.