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Especialista em medicina fetal alerta para a importância do ultrassom morfológico nos três primeiros meses da gravidez

Saúde 1 Foto Divulgação

A médica Marianna Brock explica as doenças do bebê que podem ser diagnosticadas e tratadas na barriga da mãe

Com o avanço da medicina, problemas que colocam a vida do feto em risco ou prejudicam sua qualidade de vida podem ser tratados precocemente. O ultrassom morfológico no primeiro trimestre de gestação é fundamental para avaliar o bebê de maneira total, podendo identificar, antes do nascimento, possíveis malformações que possam estar presentes.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), quase 300 mil crianças morrem, em todo mundo, dentro das primeiras quatro semanas de vida, em decorrência da presença de anomalias congênitas. Já de acordo com os dados do Ministério da Saúde, essas condições estão entre as principais causas de mortalidade infantil.

A especialista em medicina fetal, Marianna Brock, explica que o ultrassom morfológico de primeiro trimestre é fundamental no início da gravidez para que se possa fazer o diagnóstico precoce de algumas patologias da mãe e do bebê. A médica também observa que não há um preparo específico para a realização do exame. A única exigência é que seja realizado de 10 semanas e 6 dias, a 13 semanas e 6 dias.

“A ultrassonografia é imprescindível no acompanhamento de uma gravidez e possibilita que possamos identificar e tratar, em alguns casos, doenças que possam surgir. O ultrassom normal vai medir o bebê e ver as alterações mais grosseiras, já o morfológico é um ultrassom mais detalhado, que avalia o bebê, calcula risco de síndromes e calcula o risco de a mãe ter pré-eclâmpsia, que é a hipertensão arterial específica da gravidez”, explica Brock

 “Uma das doenças mais comuns nessa fase é a anencefalia, que resulta de algumas alterações no sistema nervoso. Há também a possibilidade de algumas alterações de membros, como nas displasias esqueléticas. Alterações no coração também podem acontecer. O mais importante é que, basicamente, em todos os órgãos, há alterações que possam ser identificadas nessa época da gestação”, observa a médica.

Marianna também orienta que o exame morfológico possibilita o rastreio para síndromes pela medida da translucência nucal, exame que avalia a quantidade de líquido na nuca do feto no final do primeiro trimestre da gravidez, além da avaliação do osso do nariz e de um vaso chamado ducto venoso, que avalia função cardíaca. Também é possível o rastreio de pré-eclâmpsia pelo Doppler de artérias uterinas.

Ela explica que anomalia congênita é qualquer anomalia que aconteça com o bebê dentro do útero e que vai estar presente ao nascimento. Já anomalia funcional é qualquer anomalia que leve à alteração da função do órgão.

“Ainda no ventre, algumas doenças podem ser tratadas através de cirurgia intrauterina após o diagnóstico como mielomeningocele, que é a forma mais grave de espinha bífida, uma malformação da coluna vertebral ou da medula espinhal. Algumas complicações da gestação gemelar, má formação da hérnia diafragma e válvula de uretra posterior também podem ser tratadas por cirurgia fetal”, pontuou.

Já o pré-natal assegura o desenvolvimento saudável da gestação, permitindo um parto com menores riscos para a mãe e para o bebê.

A especialista em medicina fetal também alerta para os riscos do não acompanhamento adequado na fase inicial da gravidez.

“A mulher perde a oportunidade de rastrear doenças maternas como a pré-eclâmpsia e iniciar tratamento para prevenir a doença. Perde a oportunidade de diagnosticar patologias incompatíveis com a vida, malformações fetais, e perde a oportunidade de tratamento quando há possibilidade. Não há uma receita para evitar a gestação de risco, mas uma vida saudável certamente ajuda a prevenir”, concluiu.