Jornal DR1

O Cantador de Histórias: Serenata no velório

Era uma manhã de outono em São Paulo e Fredi Jon seguiu para uma serenata em dupla no cemitério da Vila Mariana em SP. Marcela havia pedido na noite anterior uma homenagem ao seu pai que amava música e especialmente serenata e que em vida não havia recebido nenhuma. Então combinou de homenageá-lo no dia de sua morte.

Chegando ali avisamos à Marcela que se mostrava muito abalada desde o primeiro contato conosco falando sobre a morte de seu pai e então entramos no salão. A emoção foi muito forte com a nossa chegada e ao tocar a primeira música já presenciamos o primeiro desmaio e muito choro, na sequência isso se repetiu até a mensagem final escrita pela filha Marcela onde agradecia a presença de todos e dizia em nome de seu pai como aquela última reunião agregava vidas muitas histórias e uma despedida musical como ele sempre imaginou fazer.

Marcela também não havia previsto que tudo aquilo poderia ser forte para ela também. Presenciamos a cena dela desmaiando ao término da mensagem e sendo amparada pela família. Seu marido nos fez um cheque com as mãos trêmulas e nos agradeceu muito pelo trabalho. Era de fato um ambiente estranho porque nada do que se dissesse poderia ser agradável aos ouvidos de todos que ali lamentavam a perda do ente querido.

Frases como É UM PRAZER ESTARMOS AQUI, ou ESPERAMOS VOLTAR A VÊ-LOS NO OUTRO OCASIÃO COMO ESTA, ou mesmo OBRIGADO A TODOS PELA PRESENÇA TÃO ANIMADA, tão habituais em festas onde a serenata é o presente, não soam nada bem naquela ocasião. Para nós que testemunhamos toda aquela comoção, a cada momento do trabalho, podemos perceber o quanto tudo aquilo era especial ao senhor Roberto. Ao lado dele, uma placa simplesmente fantástica.

SOMOS GRANDES QUANDO AMAMOS, SOMOS MAIORES QUANDO PERDOAMOS, MAS SOMOS ETERNOS QUANDO A MÚSICA NOS HABITA E NOS POSSIBILITA TUDO ISSO.

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