Sob o manto cinzento de um sábado chuvoso, Fredi Jon e seu saxofonista, André, embarcaram em uma maratona musical. O desafio? Oito serenatas espalhadas por São Paulo no Dia dos Professores. A primeira, marcada para uma EMEF na Zona Norte às 9h, foi um prenúncio do que estava por vir: ruas íngremes, buracos traiçoeiros e um cronômetro que parecia zombar de cada curva.
Chegando à escola, foram recebidos por um calor humano que derreteu a frieza do clima. O diretor e sua equipe, orgulhosos do que haviam preparado, transbordavam entusiasmo. Era mais que uma celebração; era um ato de resistência ao cansaço, à rotina, à desvalorização. Murais vibrantes, mensagens que mais pareciam abraços, e um café caprichado criavam um cenário mágico. Na sequência, correram para zona sul na maratona que só começava.
Eram locais simples, muito bem cuidados e decorados. Quando o violão de Fredi ecoou pela sala e o saxofone de André soprou a primeira nota, a magia tomou conta. Lágrimas de gratidão começaram a brilhar nos olhos das professoras. Uma diretora, emocionada, disse:
— Vocês não trouxeram só música, mas o reconhecimento que muitas vezes esquecemos de dar a nós mesmos.
Fredi, com seu violão, percebeu algo maior acontecendo. Não era apenas sobre notas musicais; era sobre tocar almas. Porém, como a vida gosta de temperar o sublime com o inesperado, a serenata foi invadida pela dança. Fredi, as professoras e as copeiras improvisaram uma ótima coreografia entre cadeiras e risos.
Cinco escolas, muitas emoções e infinitas risadas depois, perceberam que o tempo era implacável. As duas últimas serenatas foram adiadas para segunda-feira. No carro, a chuva ainda insistia, mas Fredi olhou para André e comentou, meio cansado:
— Sabe, às vezes planejamos tanto, corremos tanto mas a vida vem com seus improvisos. O mais importante é o recado deixado, a emoção compartilhada e a festa que todos fizeram com tudo isso.
André, segurando o saxofone e o riso, concordou:
— Hoje não foram oito, mas foram seis capítulos intensos. Cada escola foi um palco único, e entregamos qualidade de vida, é isso que buscavam.
Na segunda-feira, renovados, concluíram a jornada. As notas finais não precisavam ser perfeitas, porque o que ficou foram os momentos de conexão. Enquanto dedilhava o violão para os últimos professores emocionados, Fredi pensou:
— A serenata é mais do que uma homenagem. É uma dança com a vida, onde os passos nem sempre seguem o compasso, mas sempre encontram sentido no coração de quem nos ouve.
E assim, entre sorrisos, música e passos desajeitados, Fredi e André concluíram que não importa se a chuva aperta ou o tempo escapa. O que importa é que, no palco da vida, as melhores cenas acontecem quando improvisamos e nos doamos.