Alceu Paiva Valença nasceu em São Bento do Una, agreste de Pernambuco, no dia 1 de julho de 1946. O envolvimento de Alceu com a música começa na infância, através dos cantadores de feira da sua cidade natal. Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês, três dos principais irradiadores da cultura musical nordestina, foram captados por ele. Em casa, a formação ficou por conta do avô, Orestes Alves Valença, que era poeta e violeiro.
Aos 10 anos vai para Recife, onde mantém contato com a cultura urbana e ouve a música de Orlando Silva e Dalva de Oliveira, alternando com o ritmo de Little Richard, Ray Charles e outros ícones da chamada primeira geração do rock and roll.
Recém-formado em Direito no Recife, em 1969, desiste das carreiras de advogado e jornalista – trabalhou como correspondente do Jornal do Brasil – e resolve investir na música.
Quando decidiu se entregar totalmente à música no ano de 1971, se mudou para o Rio de Janeiro e com Geraldo Azevedo procurou Jackson do Pandeiro, para cantarem juntos no primeiro festival de MPB.
O lançamento de seu primeiro disco solo foi em 1974, com o álbum Molhado de Suor, e em 1975 sua música “Caravana” fez parte da trilha sonora da novela Gabriela da TV Globo.
Em 1980 lançou o disco Coração Bobo, e a música título foi o primeiro sucesso que ganhou os corações brasileiros do norte ao sul do país.
O ano de 1982 foi a grande virada de sua carreira, quando gravou o álbum Cavalo de Pau e se consagrou com os sucessos “Como Dois Animais” e “Tropicana”.
No ano seguinte, o álbum Anjo Avesso apresentou ao Brasil uma das músicas mais conhecidas do artista em todo o mundo, “Anunciação”.
Poucos artistas conseguiram usar o período de isolamento social tão a seu favor quanto Alceu Valença, um dos maiores nomes da música brasileira.
Alceu usou esse momento para produzir quatro discos em um formato diferente de todas suas obras anteriores.
Destacando sua voz, acompanhada somente do som perfeito de um violão, presenteou todos os corações bobos com muito xote, maracatu e baião.
O terceiro álbum lançado no último novembro, Senhora Estrada, começa homenageando Luiz Gonzaga e conta com uma faixa inédita que leva o mesmo nome do disco.
Com mais de 50 anos de carreira, o cantor pernambucano sabe do poder da internet, mas se diz positivamente intrigado com o sucesso que vem fazendo entre o público jovem, “de 20, 25 anos” sem que tenha trabalhado especificamente para isso.
Não houve uma estratégia para que, por exemplo, o clipe de “La Belle du Jour”, atingisse a marca de 269 milhões de visualizações no YouTube. “Anunciação”, do início dos anos 1980, virou hit nas festas pelo Brasil afora.
Alceu pensa, cada vez mais, em solidariedade. “Depois de uma pandemia como essa, temos que pensar muito nisso e tentar fazer um mundo realmente mais global. Eu nasci em São Bento do Una, eu sou pernambucano, sou brasileiro, eu sou planetário. Temos que ter empatia e dar o bom exemplo. Estar de máscara na rua é um bom exemplo, mesmo que você já tenha tido o vírus etcétera e tal”.