Jornal DR1

A dura rotina dos fisioterapeutas na pandemia

Por Alessandro Monteiro

O Conselho de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Estado do Rio de Janeiro vem buscando levar ao conhecimento da sociedade, a Importância dos fisioterapeutas na linha de frente do combate ao Coronavírus.

Sem esse profissional para manusear o respirador, o paciente pode piorar e até chegar ao óbito. Além disso, no aspecto físico a sua paramentação, ao usar os Epi’s causam muitas dores orelha, nariz e face como um todo, devido ao tempo de uso.

Além das péssimas condições de trabalho, os profissionais também ficam quase seis horas sem ir ao banheiro, para não ter que tirar e colocar toda a roupa de proteção novamente. Na China e Itália por exemplo, muitos profissionais se contaminaram neste momento.

No aspecto mental, os seus receios, medos e ansiedades a flor da pele. Será que hoje eu me contaminei? Posso estar levando hoje risco aos meus familiares? Sabe-que 40% dos profissionais da Europa foram contaminados, e a grande tendência, é que no Brasil isso também ocorra.

Foto: Reprodução

O Crefito-2 vem trabalhando em notificar as autoridades como Presidente, Governador, Ministério Público, Secretarias do Estado e Municipal para mais contratações de Fisioterapeutas e melhores condições de trabalho. De acordo com a Portaria 930 MS, Portaria 895 MS, RDC07 ANVISA, o certo é termos na unidade Intensiva 1 x 10 no cuidado intermediário 1 x 1 (e não estamos tendo essa quantidade), explica Dr. Wilen Heil e Silva, presidente do Conselho.

A dificuldade para esses profissionais só aumenta. Com salários atrasados, plantões sobrecarregados, falta de equipamentos de prevenção, escassez de mão de obra e a omissão da atuação desses profissionais pela mídia, talvez por total desconhecimento de sua importância no controle de pacientes sob ventilação mecânica.

O Jornal Diário do Rio, também fez um bate bola com o Dr. Leonardo Cordeiro – Membro da Câmara Técnica de Fisioterapia Respiratória. Entenda melhor a linha de atuação desses profissionais:

  1. Como visualizar o sucesso da atuação fisioterapêutica para estabelecer um melhor prognóstico para pacientes gravemente enfermos?

R: Recentemente, um estudo publicado no Journal of Critical Care por Oriol Roca et al., sobre um novo índice chamado ROX, que demonstrou a forma de monitorar o desempenho da utilização do CNAF nos casos mais graves de COVID-19 com uma área sob curva ROC  de 0,87 após 12 – 24 horas, quando o valor do índice for igual ou superior a 4,88.

Estamos aplicando esse índice e o mesmo está ajudando a equipe a tomar decisões sobre sucesso e falha da terapia.

  1. A função da fisioterapia mais predominante nessa pandemia é a reabilitação?

R: Durante esse período de pandemia, a maior frente de trabalho está sendo travada pela fisioterapia nas unidades de terapia intensiva nas formas mais graves da doença para evitar a ventilação mecânica como descrito nas respostas anteriores, e também no gerenciamento da ventilação mecânica (VM) para os pacientes que falharam nas condutas de oxigenioterapia ou ventilação não invasiva (VNI). Porém, os pacientes sobreviventes da VM que permaneceram por mais de 7 dias apresentam geralmente miopatias graves, e necessitaram de períodos de reabilitação diariamente por várias semanas.

  1. Como vem sendo a luta para o enfrentamento dessa pandemia?

 R: Acredito que esse período de enfrentamento do coronavírus está ensinando a todos os profissionais a ter mais compaixão, respeito, solidariedade, união e resiliência. Acredito que o resultado será prospero pelo que vejo entre as equipes que participo. Nunca foi tão importante a troca de experiências e busca de novos conhecimentos, no qual resulta em um round multidisciplinar na UTI onde todos contribuem positivamente.

 

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