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A gangorra do desemprego

 

Em um ano, 11,5 milhões perderam emprego no setor privado, enquanto setor público contratou 145 mil

 

A pandemia trouxe como consequência muito desemprego e movimentos diferentes,  nos setores público e privado. Entre os meses de setembro de 2019 e de 2020, 11,5 milhões de brasileiros perderam seus postos de trabalho no setor privado,  número recorde, segundo estudo da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Trimestral, do IBGE. Na contramão, nesse mesmo período, o setor público criou 145,4 mil empregos.

Mariana Leite, pesquisadora do IDados , explica : “o ciclo de contratações do setor público acompanha muito mais o calendário das eleições do que a economia do país”, diz.  “Até porque os servidores, em sua maioria, têm estabilidade no emprego. E a demanda por serviços públicos, em momentos de crise, não diminui tanto quanto a demanda por serviços privados”, analisa

As diferenças nesse fluxo indicam que as desigualdades no mercado de trabalho devem ser reforçadas pela crise atual. Isso porque, além de criar vagas, o funcionalismo paga o dobro da iniciativa privada. De acordo com o IDados, a remuneração média dos servidores era de R$ 3.951 em setembro de 2020 – valor 94,4% superior aos R$ 2.032 oferecidos pela iniciativa privada

Movimentos público/privado à parte, a taxa de desemprego alcançou 14,1% no trimestre entre setembro e novembro de 2020. É o mais alto percentual para esse trimestre móvel desde o início da série histórica da  pesquisa PNad, em 2012. O total de desempregados no país foi estimado em 14 milhões.

Na comparação com o trimestre encerrado em agosto, quando registrou 14,4%, o cenário é de estabilidade, até pela gradual volta às atividades, com a flexibilização e abertura de comércio e retorno ao trabalho. Já em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o aumento é de 2,9 pontos percentuais.

 

Muitos desistiram de procurar emprego

O levantamento do IDados evidencia um diferencial importante na  atual crise do mercado de trabalho: muitos brasileiros desistiram de procurar emprego. Entre dezembro de 2015 e 2016,  quando havia uma combinação de uma crise econômica e política foram perdidos quase 2 milhões de empregos privados. Agora, a perda de postos de trabalho causada pela pandemia é cerca de seis vezes maior do que a verificada na última recessão.

“Em outras crises, o que a gente via, principalmente na de 2014, era uma saída muito forte do mercado formal, mas ela era compensada com uma maior informalidade da população”, afirma Mariana, do IDados.

 

“Dessa vez, o que parece estar acontecendo é que, por falta de emprego, a população tem saído totalmente da força de trabalho”, diz a pesquisadora.

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