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A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Cultura – via Fomento à Cultura Carioca (Foca) apresenta CANDELÁRIA – O RACISMO ESTRUTURAL NO BRASIL E O GENOCÍDIO DA POPULAÇÃO PRETA

 

O espetáculo selecionado no edital FOCA 2021 faz temporada no Espaço Cultural Sérgio Porto e no MUHCAB durante o mês de novembro, numa realização da Vila Musical

Projeto contemplado no edital FOCA – Fomento à Cultura Carioca 2021, o espetáculo “Candelária” fará temporada em novembro no Rio de Janeiro. Serão seis apresentações de sexta a domingo (dias 4, 5, 6, 11, 12 e 13), a preços populares, no Espaço Cultural Sérgio Porto, no Humaitá; e quatro sessões gratuitas quartas e quintas-feiras (dias 16, 17, 23 e 24), no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), na Gamboa. Com dramaturgia de Karla Muniz Ribeiro e direção de Madson Vilela, “Candelária” é resultado de uma pesquisa dramatúrgica sobre a Chacina da Candelária, rememorando também outros genocídios da população preta, pontuando cenicamente como se deu ao longo dos anos o racismo estrutural no Brasil. É um espetáculo manifesto que propõe uma discussão a respeito da política de embranquecimento social que perdura até hoje no país.

A realização é da Vila Musical, do multiartista Rafael Galhardo, e a produção tem assinatura do coletivo teatral Trupe Investigativa Arroto Cênico, com supervisão da produtora Burburinho Cultural. No elenco, Jonathan Silva, Karla Muniz Ribeiro, Madson Vilela e Marlon Souza, artistas negros e periféricos, fundamentam e reverberam a proposta da montagem, já que no dia a dia de suas comunidades esses artistas vivenciam o racismo que está enraizado na sociedade brasileira, sofrendo, constantemente, pelo apagamento de sua arte numa cena carioca formada, na maioria das vezes, por artistas brancos.

Esse trabalho foi construído por meio do afeto. Sempre em roda, a cada encontro, partilhávamos nossas vivências e experiências pessoais. Os atravessamentos que nos levaram até ali. E foi aí que tudo se deu: como falar dos nossos, sem falar de nós mesmos? Somos muitos. Cada um com sua subjetividade e caminho, mas há algo que nos unifica, que nos faz reconhecer no outro: as cicatrizes deixadas pelo racismo. E é por esses atravessamentos que a cena se constitui. Opto, enquanto diretor, por explorar as potencialidades expressivas da dramaturgia de Karla Muniz Ribeiro associadas à subjetividade de cada ator em cena. Neste espetáculo, nosso recado é: queremos ser vistos e queremos que os nossos também sejam! Nós estamos vivos e precisamos nos manter vivos! – exorta Madson Vilela, diretor e ator do espetáculo.

Sobre o texto

O roteiro do espetáculo faz três recortes cênicos com base em dados históricos: em 1525, o Brasil recebe o primeiro navio negreiro, com negros africanos desembarcando forçosamente em terras nacionais, famílias separadas, catequização, nomes trocados e trabalho não remunerado seguido de torturas; em 1911, o Brasil vai a Londres para participar do Congresso Universal das Raças e doar terras, dinheiro e passagem a europeus que quisessem vir morar aqui, com o intuito de embranquecer a população e, até 2012, extinguir a população preta; e, em 1993, crianças negras são mortas na cidade do Rio de Janeiro. O que esses três momentos da história do Brasil têm em comum? Como se explica a naturalização de assassinatos de corpos pretos no Brasil? Esse é o mote dramático deste projeto.

Falar sobre a chacina de crianças e adolescentes pretos no centro da cidade do Rio de Janeiro é sempre se perguntar: “por quê, por que isso aconteceu, por que isso continua acontecendo? Esse projeto nasce de várias perguntas e tenta entender o processo de embranquecimento forçado e o genocídio da população preta. O que é dito no texto pode parecer uma afronta para muitos, mas para mim, mulher, artista e negra é um desabafo, um desejo de estar livre no meio desse planejamento de país que por diversas vezes tenta nos aprisionar e nos matar. E por que falar dos mortos? Porque estar ao lado dos mortos é uma política de memória. Nós estamos juntes, e, como diz Racionais Mc’s em “Nego drama”, ‘Me ver pobre, preso ou morto já é cultural’, mas hoje nós estamos aqui para falar que estamos resistindo e continuaremos resistindo – exalta Karla Muniz Ribeiro, dramaturga e atriz do espetáculo.

Durante a encenação, o texto é dito, em sua maior parte de tempo, para a plateia. Esses olhares e ouvidos que se dispuseram a ouvir essa história. A ideia é que, assim como as buzinas da cidade grande e os alarmes que nos despertam pela manhã, “Candelária” seja um alerta para que possamos despertar para as necessidades do outro. E que nossos olhares possam interferir, positivamente, na dura realidade do outro que nos cerca.

Serviço

“CANDELÁRIA”

ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO

Endereço: Rua Visconde de Silva, s/n, Humaitá ao lado do Posto BR

Datas: de 4 a 13 de novembro de 2022

Dias e horários: sextas e sábados, às 20h; domingos, às 19h

Duração: 60 minutos

Classificação Indicativa: 14 anos

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

 

MUHCAB- Museu da História e Cultura Afro-Brasileira

Endereço: Rua Pedro Ernesto, 80 – Gamboa, Rio de Janeiro – RJ, 20220-350

Datas: dias 16, 17, 23 e 24 de novembro de 2022

Dias e horários: quartas e quintas-feiras, às 19h30

Duração: 60 minutos

Classificação Indicativa: 14 anos

Entrada gratuita

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