Jornal DR1

Alerta máximo contra o coronavírus

No Brasil, às vésperas do Carnaval, especialistas recomendam redobrar cuidados para minimizar risco de propagação do vírus por conta da grande circulação de pessoas

Por Claudia Mastrange

O novo coronavírus, até o fechamento desta matéria, já havia causado a morte de 259 pessoas na China, onde quase 12 mil pessoas já foram infectadas. No Brasil, o Ministério da Saúde anunciou 16 casos suspeitos de coronavírus. Os diagnósticos registrados estão em São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Ceará. O caso mais antigo, em Belo Horizonte, foi descartado, pois os exames deram negativo para o vírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, no último dia 30 de janeiro, que os casos de coronavrus 2019-n-CoV são uma emergência de saúde pública de interesse internacional. Além de milhares de infecções na China, o vírus foi detectado em outros 23 países. Com isso, há a recomendação para uma ação coordenada de combate à doença, a ser traçada entre diferentes autoridades e governos.

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, declarou que o Brasil já segue as recomendações da OMS, dentro do plano de contingência, que segue ampliando as ações. A partir da segunda semana de fevereiro, por exemplo, além da Fiocruz no Rio de Janeiro, mais dois laboratórios, o Instituto Adolfo Lutz (SP) e o Instituto Evandro Chagas (PA), vão realizar os exames para coronavírus.

O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, divulga dados sobre o coronavírus no Brasil (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

Cuidados para o Carnaval

Especialistas, no entanto, alertam para o perigo da propagação do vírus, especialmente no Carnaval, quando há grande circulação de turistas. “Carnaval preocupa sim. É um risco pela quantidade de navios em nossa costa e vôos internacionais. A recomendação é lavar as mãos e redobrar cuidados de higiene, mas não se pode parar a vida’, declarou o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

Raphael Rangel, mestre em biomedicina e delegado do Conselho Regional de Biomedicina do Rio, ressalta a importância de um forte plano de ação de olho nos dias de folia. “A chance da chegada desse vírus no Brasil é muito grande. Estamos diante de uma das maiores festas brasileiras, o Carnaval, onde recebemos turistas de todo o mundo. E quando nos deparamos com as ações brasileiras para conter a entrada do vírus no Brasil, não encontramos. É preocupante! É preciso realizar triagem nos aeroportos, fazendo com que os passageiros advindos de locais de onde há casos confirmados passem por uma zona específica para identificação de possíveis sintomas”, defende.

Operários chineses trabalham dia e noite para fazer máscaras em Xangai (Foto: Governo da China/Divulgação)

A cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, na China, foi o epicentro do surto da doença e foi isolada pelas autoridades chinesas. Vôos internacionais e a festa de Ano Novo chinês foram cancelados, e a volta às aulas em universidades foi adiada para diminuir os riscos propagação do vírus, cujo contágio se dá pelo ar por meio de gotículas contaminadas. “Uma pessoa doente consegue infectar em torno de três a cinco pessoas. Os relatos são de que a cada 100 pessoas infectadas por coronavírus, três morrem”, esclarece Raphael Rangel.

O biomédico explica que está confirmada a hipótese de que provavelmente o novo coronavírus tenha sido transmitido pelo morcego, já que o animal é usado como ingrediente em uma sopa muito conhecida e tomada na região de Wuhan. Essa nova cepa do coronavíus possui uma semelhança com o Beta-coronavírus, que é um tipo de coronavírus que acomete morcegos.

Foto: Reprodução

RAIO X DO CORONAVÍRUS

O mestre em biomedicina Raphael Rangel esclarece algumas questões. Confira!

O que é o coronavírus?
Coronavírus é um grupo de vírus pertencente à família flaviviradae, que podem causar desde um resfriado comum até síndromes respiratórias graves. Muito tem se usado esse termo pela descoberta de um novo vírus pertencente a esse grupo, que recebeu o nome de 2019-nCoV.

Há risco real de uma pandemia pelo novo coronavírus?
Houve pandemia de coronavírus nos anos 2000. Na época o coronavírus (SAARS-CoV) causava a síndrome respiratória aguda grave (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome). Hoje, com o novo coronavírus a possibilidade de uma pandemia é sim real, porém acredito que as autoridades mundiais já estão realizando ótimas ações para controle do mesmo.

Como a população pode se prevenir/proteger?
1- Evitar contato próximo com pessoas com infecções respiratórias agudas;
2- Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente e antes de se alimentar;
3- Usar lenço descartável para higiene nasal;
4- Cobrir nariz e boca ao espirrar ou tossir;
5- Evitar tocar nas mucosas dos olhos;
6- Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;
7- Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
8- Manter os ambientes bem ventilados;
9- Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.

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