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Alunas cariocas produzem pulseira para ajudar amigo autista

No Colégio Franco-Brasileiro, em Laranjeiras, não faltam iniciativas protagonizadas pelos alunos que colocam em prática a solidariedade. Recentemente, um trio de alunas do nono ano do Ensino Fundamental produziu uma pulseira para aliviar o desconforto auditivo de um colega autista com o sinal da escola.

Eles tinham uma atividade diferenciada que foi o Edital da Empatia, através do qual pensamos: estamos num processo pós-pandêmico, são tantas coisas acontecendo. E, cada vez mais, as pessoas falando sobre as relações humanas e o quanto a pandemia nos ensinou sobre ser, conviver, a importância que é estar com o outro. A partir daí pensamos em como levar isso aos alunos também. Então, no Edital da Empatia, os alunos tinham que desenvolver um projeto de pesquisa a partir de uma problemática dentro da comunidade escolar. Eles tinham que escolher uma situação que eles pudessem propor uma intervenção, e demos autonomia para os grupos escolherem as temáticas, com protagonismo dos alunos – explica Priscila Resinentti, coordenadora de Biologia do colégio.

E a pulseira foi uma ideia das amigas Giovana Blanco, Manuela Montes e Gabriela Longo.

No início do ano entrou um menino na nossa sala, o Gabriel, que é autista, e percebemos que ele ficava muito agitado com o sinal da escola. Ele ficava com um computador ligado que avisava a ele quando o sinal iria bater. Sem o computador, ele levava um susto. Aí pensamos em como poderíamos melhorar isso. Já tínhamos ouvido falar em um fone de ouvido que abafa o som, mas seria difícil de fazer – explica Giovana.

Pensamos numa pulseira que estivesse sincronizada ao horário do sinal. Ela tem uma telinha, que é um microbit, que estudamos no sétimo ano, um computador bem pequeno, que cabe na pulseira. Escolhemos para piscar uma pequena luz e vibrar – continua Gabriela.

Pulseira de cortiça

Professor de Robótica do colégio, Sérgio Lopes Júnior também acompanhou e orientou as alunas nesse projeto:

Elas tiveram aula com esse microcomputador no sétimo ano. E revisitar esses conhecimentos e aplicá-los agora forma esse sentido de pegar essa habilidade e transformá-la em competência, aplicando em projeto prático. Isso, realmente, foi bem significativo. Além da parte de eletrônica, eles viram a parte de programação, que eles também estão desenvolvendo no nono ano, com as aulas de robótica. Então, é uma forma bem interessante de aplicar todos esses conhecimentos e integrada com outras disciplinas.

E qual a ligação da pulseira com a Biologia? Com a palavra, Priscila:

Isso foi algo que eu demandei: como poderíamos tornar esse processo mais sustentável? Lembrando que a sustentabilidade é um tripé: ambiental, econômico e social. Como a gente poderia fazer algo que é muito voltado ao social, mas de maneira que agrida menos o ambiente? Assim veio a ideia da cortiça.

Material biodegradável

Sobre esse material biodegradável, a pulseira leva pedaços de uma blusa.

A gente tinha que ligar a empatia com a Biologia, com material que poderia ser reaproveitado ou que gerasse menor impacto ambiental. Aí fizemos de material biodegradável, de cortiça e pra colocar em cima da cortiça, pegamos uma blusa que já estava rasgada para reaproveitar e ficou muito legal.

Na prática, esse fruto do Edital da Empatia do Franco ensina muito aos alunos:

Eles percebem o quanto um conhecimento está integrado a outro, precisamos de múltiplos olhares e o que a gente constrói no cotidiano não é fragmentado. Em projetos como esse mostramos a eles o quanto trabalhamos com diferentes áreas, nossas habilidades como professores se complementam e as dos alunos também, visto que atuaram na resolução de problemas de modo colaborativo e propondo uma intervenção real e inovadora- encerra Priscila.

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