O novo trabalho do grupo carioca traz personagens históricos ligados à Bossa Nova, encenados por atrizes e atores negros; o enredo retoma (ficcionalmente) biografias e memórias do movimento musical carioca, na emergência de um Rio de Janeiro das décadas de 1950 e 1960
Mais recente espetáculo da Aquela Cia, com direção de Marco André Nunes e texto de Pedro Kosovski, “Chega de Saudade!”retoma (ficcionalmente) personagens, biografias e memórias da Bossa Nova, na emergência de um Rio de Janeiro do “amor, do sorriso e da flor”, dos anos 1950 e 1960, em uma versão somente com atrizes e atores negros. A peça fará temporada de 02 a 25 de junho, de quinta a domingo, sempre às 20h.
As canções-ícone do movimento conduzem a narrativa compondo um fluxo emocional que evoca e, ao mesmo tempo, atualiza o movimento musical, fazendo um paralelo entre o Rio de Janeiro cantado naquelas canções idílicas e como de fato é a cidade, na visão de um grupo de artistas com perspectivas distintas, aspirações e inspirações.
Re(des)montando a bossa nova
O movimento criado nos anos 1950 por jovens brancos e de boas condições financeiras – que falavam de temas banais como o amor e tinham como cenário as praias do Rio de Janeiro – trouxe inovação à música brasileira e criou novas formas de batidas de violão e de harmonia. Na versão da Aquela Cia, personagens históricos como João Gilberto, Roberto Menescal, Sylvia Telles, Nara Leão e Carlos Lyra ganham versões encenadas por atores e atrizes negros. Ao mesmo tempo que, do seu modo, o coletivo presta uma homenagem à Bossa Nova já em seu título, o ponto de exclamação anuncia para onde caminha o espetáculo, que se inicia com a recriação ficcional de um sarau no apartamento da jovem Nara Leão.
Na segunda parte, os personagens/ intérpretes se questionam como aqueles jovens dos anos 1950 veriam este futuro, tão distante do sonho de Brasil que eles cantaram. Na terceira parte, personagens, atrizes, atores, fantasmas e seres vivos em uma descida ao inferno onde se faz escutar o grito: Chega! Chega de saudade! Seria possível sustentar algum lirismo em tempos como os nossos?
Chega de Saudade! dá continuidade a interface com a linguagem audiovisual iniciada em sua peça-filme, lançando mão de projeções tanto de transmissões ao-vivo da peça quanto de materiais de arquivo como fotografias e matérias de jornais que mostram a construção da cena cultural e estética daquela nação, hoje um tanto distante devido aos traumas políticos, raciais e sociais.
Sinopse
Uma fábula da bossa nova: a emergência de um Rio de Janeiro do “amor, do sorriso e da flor”, no final dos anos 50, início dos anos 60, em uma versão dissonante performada por atrizes e atores negros que criaram, colaborativamente, ao longo dos anos pandêmicos de 2020/21/22 esta obra. As canções-ícone do movimento são ressignificadas compondo um fluxo emocional que evoca, atualiza e transgride afetos “bossa-nova”.
Aquela Cia.
Marco André Nunes e Pedro Kosovski fundaram em 2005 esse núcleo de realização em artes da cena sediado no Rio de Janeiro. Com ênfase em processos de criação coletiva e na elaboração de uma dramaturgia inédita atravessada pelos conceitos de memória coletiva, fabulação e imaginário social, dentre as suas obras mais recentes destaca-se a “Trilogia Carioca” formada por “Cara de Cavalo” (2012), “Caranguejo Overdrive” (2015), “Guanabara Canibal” (2017). Em 2023, está prevista a estreia da inédita “Terra Desce”.
Ficha técnica
Elenco: Blackyva, Felipe Oládélè, Hugo Germano, Izak Dahora, Jessica Barbosa, Luiza Loroza, Muato e Polly Marinho
Direção: Marco André Nune
Texto: Pedro Kosovski
Colaboração de texto e Interlocução: Rodrigo de Arruda
Narrações: Polly Marinho e Pedro Kosovski
Direção Musical: Felipe Storino e Muato
Cenário: Ciro Shu e Marco André Nunes
Figurino: Fernanda Garcia
Iluminação: Renato Machado
Bateristas: Thiago Kobe
Visagista: Diego Nardes
Preparação vocal: Pedro Lima
Operação de luz: Rommel Equer
Sistema de Vídeo: Júlio Parente
Operador de Vídeo: Igor Gouvêa
Direção de Movimento: Toni Rodrigues
Assistente de Direção e Operação de Câmera: Diego Ávila
Operação de som: Bob Reis
Designer gráfico: Igor Gouvêa
Fotografia: Ligia Jardim
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
Produção: Corpo Rastreado
Serviço
Temporada: 02 a 25 de JUNHO de 2023 – sexta a domingo
Horários: 20H – de sexta a domingo
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 80 minutos
Valor ingressos: R$ 60,00 / meia 30,00
Lotação : 359 lugares