Vinicius Zepeda
Era noite daquela sexta-feira de inverno. Eu e minha amada fomos ao Capitu Café, estabelecimento comercial onde outrora residiu o viveu o chamado o escritor Machado de Assis (*1839-1908+). Além do nome, o espaço guarda várias referências ao escritor. Uma estátua dele sentado numa mesa é a principal.
Ao chegarmos, os músicos tocavam uma linda melodia instrumental na entrada do espaço. Ainda havia ali algumas mesas e cadeiras na calçada. Entramos então no espaço, um corredor onde havia um vernissage que acontecia antes do lançamento da 3ª edição do livro de contos “Devaneios de Um Homem Louco”, de Álvaro Roux Rosa. Ao passarmos pelo corredor, entramos no “Espaço Alienista”, um pequeno restaurante com bar e espaço para pequenos eventos.
Logo encontrei o autor, aquele jovem que vi muito pequeno. Agora já com seus 22 anos. Ele, filho de meu amigo-irmão de adolescência que havia reencontrado depois de mais de uma década. Aproximei-me e cumprimentei-o com um abraço terno. Apresentei-me, embora ele também já soubesse quem eu era,
O evento foi marcado por leitura dramatizada de contos do livro. Atores da Cia. de Teatro Janela Azul, numa forte e intensa interpretação das histórias, davam outra dimensão ao texto. Todo universo onírico, surrealista, metafórico e com diferentes personagens parecia ganhar vida própria. O público aplaudiu fervorosamente cada interpretação. O autor autografou os livros para os compradores.
Álvaro Roux Rosa, na verdade pseudônimo do autor, escreveu o livro em um mês, aos 18 anos, no primeiro período de Psicologia. À época, enganou alguns com uns manuscritos forjados daquele autor desconhecido. O estilo do livro, com influências pessoais do jovem, e também da cultura pop atual, bebe um pouco no célebre “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. E guarda uma grande surpresa no final.
Ao fim do evento, quando todos se despediram e o espaço fechou, voltei para casa. Após tudo aquilo que havia experimentado e vivido, resolvi refletir sobre este “choque cultural” de gerações.
Num mundo tão ‘instagramável’, beber na fonte do passado fortalece ainda mais o presente. Com respeito a história. Criando o futuro. Álvaro Roux Rosa nos entrega e nos deixa ansiosos pelo próximo livro. O novo sempre vem.





