O Sarau Cênico Literário deste mês, apresentado na Casa da Leitura, em Laranjeiras, foi baseado na obra de Chico Buarque. O diretor Delson Antunes e a CIA Janela Azul, num roteiro baseado na obra musical de Chico, inovou e, por meio das letras do compositor, encadeou reflexos da evolução da história das últimas décadas do Brasil. Fundamentos da originalidade do evento são apresentados em workhops de Delson, destacando-se o ‘Palavra Como Ação’.
Aissa Zaar dançou pelas palavras como se ouvisse mágica, ergueu no palco mil paredes ávidas; João Lucas disse inferno e maravilhas, como ilustre cavalheiro, cobriu de redondilhas, grave e bela poesia. Belo e doloroso lirismo, a saudade dói como um arco, que na fala de Lelecca Rodrigues, revira a roda, brilha de alegria pelo ‘meu guri’, olha aí. Todo o corpo fala.
A ditadura, página infeliz da nossa história, gravou o cale-se na memória, transbordou o cálice, na tristeza de ainda ver tal nefasto espírito, nos dias de hoje, sob outra capa; Vivi Fonseca iluminou essa bebida amarga.
Com tantos segredos lindos e indecentes, Beatriz Parisi Pinheiro viveu a mulher tão amada das canções; que prova o tanto de bem que seu amor lhe faz, os sentidos roubados, ao quase ouvir seu nome em sambas imortais.
Novas luzes na Janela Azul: olhos cintilantes vibrando Geni, que era um poço de bondade, encantou a todos, assim. Maria dos Prazeres, evoé! Leslie Carvalho abriu a cortina pra banda passar; voz que ecoou histórias e sentires dos sambas, dos choros, dos hinos de amor e desvarios.
Não dá pra falar muito não, mas Vivian Bessil tem a benção de seu Orixá, a todos ousou cativar, ao telefone esperando passar… o avião – ainda tem o japonês trás de mim – toda a plateia com ela, night and day…
Vai Sacha Rodrigues de blusa amarela, finge que ninguém se importa com sua aflição, em de fato não estar usando blusa amarela, começando a criar tanto humor no salão… É o Sacha, galera, chutando as tabelas… do padrão arcaico que traz a ilusão… é talento pra mais de mil cidadelas, que um jovem ao lado soltou o bordão: ‘É o Sacha e arte dele é sempre bela’…
Canta, canta uma esperança. Espera, provoca, instiga. Thayanne Nascimento. O incômodo que o artista causa é todo especial, é um convite. É uma expulsão, é um chute, um brinde, uma explosão. Ela encara o público e evoca: Canta! Canta a canção da vida! Canta mais! Mas… o público, comportado, respeitou (?) sua fala e manteve polido silêncio de vozes… sambando que estavam suas almas!
O Jornal DR1 esteve presente na apresentação e em breve você verá a cobertura completa, fotos e vídeos nas redes sociais.