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Arte popular e resiliência: o Museu do Pontal

Museu do Pontal (Divulgação)

 

Conheça a história do maior museu de arte popular do Brasil, repleta de altos e baixos.

Quando se pensa em museus no Rio de Janeiro, é comum pensar logo no Centro da Cidade, o bairro que mais respira cultura carioca. Porém, o Centro não é o único lugar onde tem museus na cidade. Se procurar bem, boa parte dos bairros do Rio possuem algum museu ou centro cultural digno de uma visita. 

É sabido também que há museus que possuem uma certa temática que norteia suas exposições e eventos. Quando se trata da cultura e da arte popular, o local tem um nome certo: o Museu do Pontal. Onde ele fica? Na Barra da Tijuca.

O Museu Casa do Pontal foi fundado em 1976 pelo designer francês Jacques Van de Beuque, que também foi artista plástico. Jacques nomeou o museu com este nome devido a sua localização, que era originalmente no Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, parte final da extensa orla da Barra da Tijuca. Seu primeiro terreno possui cinco mil metros quadrados e foi um espaço em que Jacques dedicou ao trabalho de artistas populares brasileiros, no qual o fundador documentou suas viagens pelo Brasil desde a década de 50.

Em 1995, o filho de Jacques, Guy Van de Beuque, que era matemático e cineasta, passou a dirigir o Museu do Pontal, onde ampliou ainda mais sua área para exposições e criou também a interface digital do museu para a internet, que ainda engatinhava no Brasil. Porém, Guy morreu prematuramente em uma viagem a Nova Déli, justamente quando montava mais um acervo para expor no museu. Sua esposa, a antropóloga e cineasta Angela Mascelani, passou a dirigir o Museu do Pontal. Além de continuar o legado do marido, Angela também é autora do livro “O Mundo da Arte Popular Brasileira”.

Angela passou a dividir a diretoria do Museu do Pontal com seu filho Lucas Van de Beuque,  que é economista e fotógrafo e possui uma longa atuação em gestão cultural desde 2010. Fiel ao legado de seu pai e avô, Lucas fotografou e codirigiu mais de 20 filmes de curta metragem sobre a criação plástica popular. Também investiu mais na gestão do museu, o que aumentou o número de visitantes e rendeu o conhecimento da Unesco como um importante marco de preservação e promoção da arte popular.

Porém, o Museu do Pontal sofreu alguns reveses. Começando pelo o próprio terreno, que pela construção de condomínios em volta, teve uma elevação e isso acabou colocando o Museu na rota de inundações das águas das chuvas. Um estudo feito pela Coppe/UFRJ atestou o perigo da estrutura do Museu ficar comprometida e seu acervo estava em risco.

Foi preciso que os diretores e mãe e filho começassem as negociações com o poder público para conseguir um novo endereço para o museu, uma corrida contra o tempo. Em 2015, a prefeitura autorizou a mudança e cedeu um novo endereço para o museu. 

A construção começou no ano seguinte, 2016, mas com metade da obra em andamento, a construtora abandonou o projeto em 2017. 

Em 2019, mais um revés: uma inundação de água barrenta quase destruiu o acervo, se não fosse a rapidez dos funcionários do museu em salvar as peças. O Museu estava em sério risco e foi preciso que Angela criasse uma rede de apoio e financiamento coletivo para captar apoiadores, patrocinadores e entusiastas para salvar a arte popular.

O BNDE, Instituto Cultural Vale, Itaú Cultural e a própria prefeitura do Rio de Janeiro se tornaram patrocinadores do Museu do Pontal e finalmente sua nova sede foi concluída.  A exposição “Até Logo, Até Já” foi a despedida da sede antiga no pontal e no dia 9 de outubro de 2021 o museu se mudou oficialmente para a Avenida Célia Ribeiro da Silva Mendes, no número 3.300, próximo ao Bosque da Barra.

Essa trajetória de altos e baixos mostra a vitória da arte popular frente às adversidades. Não deixe de conhecer o Museu do Pontal após conhecer sua história de resiliência e reinvenção!

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