Moradores relatam medo constante enquanto operações policiais tentam frear avanço do crime na Zona Sudoeste do Rio
Para tristeza de seus moradores, Jacarepaguá e Itanhangá voltaram ao noticiário policial com frequência nos últimos meses. A região, conhecida por sua tradição familiar, áreas verdes e forte presença de comunidades, tem enfrentado uma escalada de confrontos que preocupa quem vive e circula diariamente por ali.
O ápice da tensão ocorreu em 28 de outubro, quando a polícia desencadeou a megaoperação Contenção nos complexos da Penha e do Alemão e anunciou que outras ações chegariam à Zona Sudoeste para impedir o avanço do Comando Vermelho. A promessa se cumpriu no último dia 10, quando forças de segurança realizaram operações simultâneas em diversos pontos do Itanhangá e em mais sete comunidades de Jacarepaguá: Beco do 48, Coroado, Muzema, Morro do Banco, Tijuquinha, Fontela e Cesar Maia.
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Entre traficantes e milicianos, o medo é o mesmo
Para quem vive nos bairros conflagrados, a disputa territorial entre criminosos — seja do tráfico, seja da milícia — tem um impacto semelhante: o medo. Moradores relatam dias de incerteza, comércio que fecha mais cedo, atrasos no transporte público e crianças impedidas de frequentar escolas em dias de operação.
“Já nem importa quem domina a comunidade. O que a gente quer é segurança, é poder sair de casa sem olhar para os lados o tempo todo”, dizem moradores, em um sentimento compartilhado por grande parte da população local. A convivência forçada com grupos armados transforma rotinas simples, como ir ao mercado ou esperar o ônibus, em decisões calculadas.
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Operações trazem alívio momentâneo, mas ainda insuficiente
As ações policiais realizadas recentemente geraram, para alguns, uma sensação passageira de alívio. Entretanto, muitos destacam que intervenções pontuais não bastam para mudar a realidade. A população cobra continuidade, presença permanente do Estado e políticas públicas capazes de enfraquecer o poder das facções.
A falta de serviços básicos, o abandono de áreas vulneráveis e a ausência de projetos sociais estruturados acabam abrindo espaço para que grupos criminosos ocupem funções que deveriam ser do poder público. E é justamente essa combinação que faz com que o ciclo de violência se perpetue.
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Moradores pedem o óbvio: viver em paz
O desejo é unânime: voltar a viver sob a proteção do Estado, com policiamento eficiente, serviços funcionando e oportunidades para os jovens. A comunidade quer ver o nome de Jacarepaguá e Itanhangá voltar às manchetes por motivos melhores — cultura, esporte, natureza, qualidade de vida — e não pela violência.
Enquanto isso não acontece, a esperança se mantém. Moradores seguem torcendo para que as operações sejam apenas o começo de uma presença contínua do poder público, capaz de devolver à região aquilo que ela merece: paz, dignidade e segurança.





