Pintor paulista que eternizou personagens que não eram vistos na arte brasileira do século 20Benedito José Tobias, nascido em 1894, em São Paulo, foi um pintor, desenhista e aquarelista em um período em que poucos artistas negros conseguiam espaço no circuito artístico brasileiro. Sendo filho de uma família humilde, iniciou sua produção nas décadas de 1930 e 1940, construindo uma carreira marcada pela sensibilidade e pela força expressiva de suas obras.Tobias participou de várias edições do Salão Paulista de Belas Artes, recebendo prêmios como o da Prefeitura de São Paulo (1935, 1954, 1958), o Valentim de Amaral (1961) e o Ilde Brande Dinis (1962). Em 1958, entrou para a Comissão Organizadora do evento e, em 1960, foi homenageado com a Medalha Cultura Comemorativa do Jubileu de Prata.Olhar para as obras de José TobiasO traço marcante de Tobias era como retratava homens e mulheres negros. Seus quadros captam expressões, marcas e gestos com uma profundidade que vai além da aparência física, revelando a história e a dignidade dos retratados. Ele também produziu paisagens, naturezas-mortas e cenas urbanas paulistanas, como a obra Gigantes e Pigmeus, hoje no acervo da Pinacoteca de São Paulo, que fala sobre as desigualdades sociais.Entre suas obras mais conhecidas estão Porta da Policlínica (Museu Afro Brasil), Homem com Chapéu (MASP) e Irmãos de Leite (1960, MASP). Seu estilo é descrito por especialistas como carregado de “tensão expressionista”, uma marca de sua intensidade emocional na pintura.Legado e inspiração O pintor faleceu em 1963, deixando um acervo importante, mas que permaneceu pouco conhecido por décadas. Somente nos anos 2000, com iniciativas como a exposição Negros Pintores, do Museu Afro Brasil, sua obra começou a receber maior atenção e reconhecimento histórico.Atualmente, ele é lembrado como um dos primeiros artistas negros a alcançar projeção no cenário artístico paulista, não apenas pela qualidade técnica, mas pelo papel de resistência e afirmação da identidade negra através da arte. Seu trabalho permanece como referência para novas gerações, tanto no campo estético quanto na luta por visibilidade cultural.





