Um mutirão foi montado para dar nova cara a bairros da Zona Norte do Rio. Biólogos, voluntários e moradores, entre crianças, jovens e adultos, se uniram e plantaram mais de 200 árvores na região, que atualmente concentra 38% da população da cidade, mas que apresenta os menores índices arbóreos do município.
A iniciativa foi da Fundação Parques e Jardins (FPJ) em parceria com voluntários dos coletivos de plantio urbano. Os plantios aconteceram durante a última semana e os bairros contemplados com as novas árvores foram Paciência, Realengo e Irajá.
Na Paciência, o grupo realizou o plantio de 135 mudas. Em Realengo foram 53 e em Irajá foram mais de 20 novas espécies. De acordo com os organizadores do mutirão, a parceria da FPJ com os voluntários sempre começa uma semana antes dos plantios. As equipes percorrem os bairros para identificar os pontos de plantio, preparar os berços e conversar com moradores e proprietários sobre a importância da reposição de alguma espécie ou até mesmo de um novo plantio.
A FPJ é responsável pela arborização e produção de plantas ornamentais para os parques e praças municipais. É ela também quem dá autorização para podas ou remoção de árvores. Na Parques e Jardins também são elaborados os projetos de paisagismo para praças, parques e jardins urbanos e é feita a especificação das árvores e plantas mais adequadas para os diversos espaços públicos da cidade.
De acordo com o presidente da Fundação, Fabiano Carnevale, a partir de junho, os mais de 500 voluntários que fazem parte de aproximadamente 30 grupos de plantio urbano irão receber uma capacitação oferecida com o objetivo de qualificar ainda mais as atividades realizadas em conjunto.
Além da pouca cobertura vegetal, a Zona Norte tem uma topografia com muitas montanhas no entorno, o que também afeta a circulação de ar, assim como a proximidade com vias expressas e a circulação de um grande número de veículos. Essas características, conforme os especialistas, contribuem para o aumento da temperatura na região.
Irajá, na Zona Norte, foi o bairro considerado mais quente da cidade, segundo divulgou o Alerta Rio no verão, por causa das poucas áreas verdes. Já Zona Sul e Centro são os lugares onde há mais verde.
Dados do Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU) mostram que o Rio deveria ter quase o dobro de árvores que possui. O déficit é de 800 mil, enquanto o número de árvores existentes é calculado em cerca de um milhão. O PDAU prevê investimento de R$ 31,3 milhões em cinco anos, sendo R$ 3,5 milhões no primeiro ano (considerando valores de 2015, quando o plano foi elaborado). Devido à situação financeira difícil do município, a Fundação Parques e Jardins diz que não será possível fazer todo o investimento este ano, mas diz que o programa já saiu do papel e orienta hoje as ações de arborização.