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Black Lives: Albert Luthuli: o herói silencioso da luta contra o Apartheid

Albert Luthuli

O primeiro africano a receber o Prêmio Nobel da Paz

Nascido no ano de 1898 em Bulawayo, — atualmente Zimbábue — Albert John Mvumbi Luthuli foi um grande símbolo de resistência pacífica contra a opressão racial na África do Sul. Alguns anos depois se tornou o primeiro africano a receber o Prêmio Nobel da Paz. Albert moveu uma nação, e inspirou o mundo com suas ações. 

Apesar de ter vivido em uma África do Sul marcada pela segregação racial, Luthuli foi criado em uma casa baseada nos valores cristãos. Filho de missionários, foi profundamente influenciado pela mensagem de que todos são iguais aos olhos de Deus. Com a educação missionária que recebeu, foi professor e diretor do Adams College. Entretanto, seu caminho como educador foi interrompido em 1935, quando o povo de Groutville, em KwaZulu-Natal, o elegeu chefe tribal.

Na posição de liderança local, Luthuli se viu pela primeira vez em confronto direto com as políticas racistas do regime branco sul-africano. Como chefe, ele representava os interesses de seu povo em uma época em que o governo instituiu leis cada vez mais opressivas contra a população negra. A repressão e o tratamento desumano que via ao seu redor o levaram à militância política.

Nos anos 1940, Luthuli ingressou no Congresso Nacional Africano (ANC), a organização que se tornaria a principal frente de oposição ao apartheid. Sua liderança no ANC o transformou em uma das figuras centrais da resistência. Já na década de 1950, ele defendia ações diretas e campanhas de desobediência civil contra o governo sul-africano.

Luthuli pregava a resistência não violenta, mesmo quando o regime de apartheid aumentava a brutalidade. Esse compromisso com a paz e com a dignidade humana levou a sua destituição como chefe tribal, em 1952. O governo exigiu que ele escolhesse entre ser um líder do ANC ou continuar como chefe tribal. Luthuli foi firme: “A escolha que me pedem para fazer não é entre duas posições, mas entre a liberdade e a escravidão.”

No dia 21 de março de 1960, o regime do apartheid cometeu uma de suas maiores atrocidades: o Massacre de Sharpeville, onde 69 manifestantes negros foram mortos a tiros pela polícia. O episódio chocou o mundo, e a repressão que se seguiu foi implacável. O ANC foi banido, e Luthuli, como líder da organização, foi preso diversas vezes e colocado sob constante vigilância.

No entanto, no final daquele ano, uma luz brilhou em meio à escuridão: Luthuli foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz. Ao aceitar o prêmio, ele destacou que sua luta era não apenas pela liberdade dos negros, mas pela dignidade e igualdade de todos os sul-africanos. O reconhecimento internacional foi um marco para o movimento anti-apartheid, dando mais visibilidade à causa e colocando o regime sob escrutínio global. Após o Nobel, Luthuli continuou a lutar, mesmo enfrentando crescentes dificuldades.

Em julho de 1967, Albert Luthuli morreu após ser atropelado por um trem perto de sua casa em Stanger. A especulação é que sua morte possa ter sido orquestrada pelos inimigos políticos que ele fez ao longo de sua vida. A verdadeira causa de sua morte permanece envolta em mistério.

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