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Branca Alves Lima: ‘a’ de amor

 

A educação no nosso país tem sido fator de extrema preocupação aos brasileiros há muitos anos. Obviamente sua importância é fundamental para garantir que o Brasil seja de fato uma nação, não apenas um território, uma civilização, não somente uma delimitação.

É possível atestar que a menção à “família”, como elemento essencial ao ensino, é uma constante no texto da legislação pátria acerca das diretrizes e bases que regem a educação nacional (sob a Lei 9.394/1996), tendo em vista a evidente necessidade de este ser o maior pilar a sustentar o mínimo na formação do caráter humano, quanto à moral e à ética do indivíduo, na construção da sua personalidade.

Gerações de famílias inteiras, cerca de mais de quarenta milhões de brasileiros, trilharam pelo “Caminho Suave”, cartilha de autoria da professora Branca Alves de Lima, que criou método de alfabetização próprio para que seus alunos, na época, maioria de área rural, conseguissem melhor compreender e evoluir nas trajetórias de leitura e escrita formal.

Mulher de origem humilde, do interior, Branca era movida a amor. Fosse pelo magistério, por cada um de seus alunos, pela educação em si, por amor, conseguiu transformar um Brasil inteiro na luta pela melhor forma de ajudar pessoas a serem livres e independentes, como só a alfabetização real, jamais a funcional, é capaz de fato permitir. Criou a cartilha referida após mais de duas décadas de atuação nas salas de aula, em 1948, quando percebeu oportunidade de escolher a sua didática ao lecionar. Com cartazes e desenhos, construiu sonhos e destruiu grilhões.

Sua editora a publicou até encerrar as atividades, mas as publicações por terceiros nunca pararam, e, ainda hoje a “Caminho Suave” se encontra facilmente para aquisição, inclusive na internet. Falecida em 2011, aos noventa anos, esta pioneira de coração valente, que buscava, na garantia de melhor prática para a formação intelectual, a chance de cada um de nós exercer a dignidade como pessoa humana, pode contemplar os inúmeros frutos de seu trabalho tão ilustre, sua dedicação tão nobre ao seu próximo.

Branca é eterna, ainda vive através de sua obra, que perdura sendo aplicada por muitos na atualidade para conhecimento e aprendizado, mesmo que outras técnicas tenham surgido e continuem em constante mudança. Esta brasileira, através do amor pelas letras, rasgou vendas e mordaças, deu a incontáveis de nós a sua voz, que fazemos ecoar todos os dias. Faça a sua voz ser ouvida!

Sabrina Campos

Advogada e árbitra

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