A tarde do último domingo (21/7) no Parque Nacional da Tijuca foi marcada por uma surpresa: a aparição de um cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), animal selvagem nativo da unidade de conservação (UC) e que dificilmente é visto durante o dia. O flagrante ocorreu na área verde do Parque Lage, que, apesar de muitos não saberem, faz parte do Parque Nacional da Tijuca.

Plínio Júnior, funcionário do Parque Nacional da Tijuca e responsável pelo belo registro, explica que, por volta das 15h daquele dia, ao perceber a presença do animal, preparou a câmera do celular, se manteve distante e aguardou, silenciosamente, a passagem da espécie. “O que me surpreendeu foi a aparição dele nesse horário, de dia. Eles têm hábitos predominantemente noturnos. Até por causa dessa visita em horário “incomum”, nós tomamos o cuidado de garantir que ele não se aproximasse da saída do Parque Lage, que fica muito próxima da rua Jardim Botânico”, salientou Plínio.

A preocupação com a via pública deve-se ao fato de que os atropelamentos de fauna nativa são uma grande ameaça para as espécies do Parque Nacional da Tijuca, UC que é cercada e pressionada pela cidade do Rio de Janeiro. Acredita-se que uma das razões para a aparição desse cachorro-do-mato tenha relação com a disponibilidade de comida e resíduos humanos na área verde de visitação do Parque Lage – que, neste caso, fica bem próxima de vias com alta movimentação de veículos. Viviane Lasmar, chefe do Parque Nacional da Tijuca, alerta para este problema.

“É fundamental que as pessoas, visitantes ou não, pratiquem o descarte correto do lixo e não ofereçam comida para os animais silvestres, como este cachorro-do-mato ou os macacos-prego, por exemplo. Não devemos criar o hábito de alimentar esses bichos, pois coloca a segurança deles em risco, desde a possibilidade de transmissão de doenças para eles até os atropelamentos, já que eles passam a sair da mata em busca de comida humana”, explica Viviane.