Por Sandro Barros
O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, reconheceu que errou ao ter divulgado o vídeo de uma campanha que dizia que a cidade “não para”, lançada no fim de fevereiro desse ano. Depois de quase um mês, a cidade é a terceira mais atingida pela pandemia do novo coronavírus, com quase 35 mil contágios e 4.816 mortes até o dia 26 de março.
“Muitos se referem àquele vídeo que circulava com o título ‘Milão não para’. Era 27 de fevereiro, o vídeo estava explodindo nas redes, e todos o divulgaram, inclusive eu. Certo ou errado? Provavelmente, errado”, disse Sala à emissora Rai, no dia de março.
O vídeo, criado por uma associação de bares e restaurantes da cidade, mostrava pessoas em situações descontraídas em restaurantes, passeando em parques e esperando em estações de trem. A peça exalta os “milagres” feitos “todos os dias” pelos habitantes de Milão e seus “ritmos impensáveis” e “resultados importantes”. “Porque, a cada dia, não temos medo. Milão não para”, diz o vídeo. A última mensagem dizia “Nós não vamos parar”. Dois dias depois, Giuseppe Sala também divulgou no Instagram uma foto na qual aparecia usando uma camiseta com o slogan da campanha.
Virulência do vírus
O vídeo viralizou na web em meio à escalada dos casos na Itália e após o governo ter decidido confinar as 11 cidades do norte do país que haviam registrado os primeiros contágios por transmissão interna. “Ninguém ainda havia entendido a virulência do vírus, e aquele era o espírito. Trabalho sete dias por semana para fazer minha parte, e aceito as críticas”, diz agora o prefeito.
Na época, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte também, chegou a dizer que a vida devia “continuar”. Em 27 de fevereiro, o país contabilizava 650 casos do novo coronavírus. Agora são mais de 80 mil.
A campanha ‘Milão não para’ tem a mesma linha da lançada no dia 27 de março pelo governo brasileiro, sendo que a daqui diz que o “Brasil não pode parar”. Cada vez mais isolado politicamente, o presidente Jair Bolsonaro passou a defender que a quarentena que diversos governadores impuseram pelo país seja restrita aos grupos de risco (com informações de agências internacionais)