Jovens entre 20 e 30 anos estão acumulando fatores de risco cardiovascular em níveis antes vistos apenas após os 40.
Estudos do National Health and Nutrition Examination Survey mostram que, entre adultos de 18 a 39 anos, 7,3% já apresentam hipertensão e 8,8% têm colesterol alto. Os dados revelam ainda que 26,9% possuem pressão arterial em níveis elevados e 21,6% têm colesterol considerado limítrofe, muitas vezes sem diagnóstico.
“A ciência mostra que quase um em quatro jovens já apresenta algum sinal de alteração de pressão ou colesterol antes dos 40 anos. E no consultório isso já é evidente. Jovens de 20 e poucos anos chegam com perfis metabólicos que antes só víamos bem mais tarde”, afirma o cardiologista Aloísio Barbosa da Silva.
Pesquisas internacionais reforçam o alerta. Um estudo realizado na Espanha registrou que cerca de 18% dos jovens adultos apresentaram pré-diabetes, hipertensão ou dislipidemia, enquanto quase metade estava acima do peso ou era fisicamente inativa. Segundo o cardiologista, fatores de estilo de vida têm papel direto nesses resultados.
“A obesidade precoce, o sedentarismo, a privação de sono e os alimentos ultraprocessados aceleram o desgaste cardiovascular”, explica Aloísio.
O médico reforça que energéticos, pré-treinos, drogas estimulantes e cigarros eletrônicos contribuem para inflamação vascular, aumento da pressão e risco de arritmias.Com esses comportamentos, doenças que antes eram raras em jovens passaram a ocorrer com maior frequência, como hipertensão inicial, colesterol elevado, síndrome metabólica, arritmias e até infarto e AVC. “Cansaço exagerado, palpitações, dor no peito, tonturas e histórico familiar de infarto precoce precisam ser valorizados por jovens. Não é normal sentir isso aos 25 anos”, detalha o médico.
O especialista recomenda que adultos jovens realizem avaliação anual, incluindo aferição de pressão arterial, exames de glicemia, hemoglobina glicada, perfil lipídico e eletrocardiograma. Ecocardiograma e teste ergométrico podem ser necessários conforme sintomas e histórico. E as vacinas também tem papel relevante, sendo proteção contra infecções que podem desencadear miocardites e descompensações cardíacas.A prevenção continua sendo a principal estratégia.
“Atividade física regular, alimentação equilibrada, sono adequado e redução de álcool, energéticos e vaporizadores fazem diferença real para o coração. Intervir cedo é determinante para impedir que jovens acumulem riscos que podem levar a décadas de doença cardiovascular.”, conclui Aloísio.



