Matheus Cantalice Ribeiro Pereira, de 22 anos, e Maria Luiza Machado Velho da Silva, de 21, exibiam nas redes sociais uma rotina marcada por viagens, festas e uma vida aparentemente confortável. Fora da internet, porém, segundo a Polícia Civil, o casal integrava uma quadrilha especializada no golpe conhecido como “Boa noite, Cinderela”, aplicado principalmente contra turistas — sobretudo estrangeiros — na Zona Sul do Rio.
Os dois foram presos nesta quinta-feira (13) em um apartamento em Araruama, na Região dos Lagos. A operação contou com agentes da Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat), da 13ª DP (Ipanema) e da 22ª DP (Penha).
Ambos já tinham mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça do Rio por roubo qualificado, cometido em coautoria.
Garoto de programa e “responsável pelas despesas”
De acordo com a investigação, Matheus atuava como garoto de programa e atraía as vítimas após combinarem encontros por meio de aplicativos de relacionamento.
Maria Luiza, apontada como namorada e cúmplice, seria responsável por gastar o dinheiro subtraído das vítimas.
Os dois acumulam quatro anotações criminais anteriores — por roubo, furto e associação criminosa — sempre relacionadas ao mesmo tipo de golpe, segundo a delegada Patrícia Alemany, titular da Deat.
Investigadores afirmam ainda que a dupla fazia parte da quadrilha liderada por Cláudio Rafael Silva de Queiroz de Pontes, preso dias antes, também na Região dos Lagos.
Como o golpe era aplicado
Segundo a polícia, o grupo abordava principalmente turistas por meio de aplicativos. Após marcar o encontro, oferecia bebidas adulteradas com substâncias capazes de deixar as vítimas inconscientes. Nesse período, os criminosos realizavam transferências bancárias e levavam pertences pessoais.
Um dos casos ocorreu em 10 de agosto de 2025. Um turista de Recife, hospedado em um hotel na Avenida Atlântica, em Copacabana, perdeu os sentidos depois de consumir bebidas durante um encontro. Ao acordar, percebeu que o celular havia sido levado e identificou mais de R$ 60 mil em transações bancárias realizadas sem autorização.
Logo após o crime, segundo a polícia, Matheus e Maria Luiza seguiram para Angra dos Reis, na Costa Verde, onde gastaram parte do valor com hospedagem, festas e bebidas.
Turista italiano perdeu R$ 117 mil
Outro caso, registrado em junho de 2025, teve como vítima um turista italiano. Ele conheceu um dos suspeitos por meio de um aplicativo, e durante o encontro uma mulher — identificada pela polícia como Maria Luiza — se juntou aos dois. Após consumir duas caipirinhas, o turista desmaiou. O grupo furtou 19 mil euros (cerca de R$ 117 mil) e outros pertences.
Quadrilha desarticulada
Com as prisões de Cláudio Rafael e do casal, a Polícia Civil afirma ter desarticulado o núcleo principal da quadrilha que atuava na Zona Sul e também na Região dos Lagos.
A Deat reforça que turistas devem redobrar a atenção em encontros marcados por aplicativos, especialmente quando houver oferta de bebidas.
