Por Claudia Mastrange
O início de um amor maduro tem conquistado o público que assiste à novela ‘Éramos Seis’. Afonso (Cássio Gabus Mendes) não consegue mais esconder sua paixão por Lola (Glória Pires). A delicadeza das cenas e a atuação sutil dos dois atores, feras da dramaturgia, tem dado o tom e tornado ainda mais envolvente a trama das seis da Globo. Feliz com a nova parceria com Gloria, Cássio Gabus comenta sobre esse bate-bola afinado em cena e nos bastidores, sua relação com a fama e os paparazzi e as coisas do coração. Confira!
Como você criou sua interpretação do apaixonado Afonso?
Acho que houve umas pequenas modificações em relação às outras versões da novela. Esse personagem me parece que era um pouco isolado, e tinha uma coisa bem “geladinha”, um outro formato. Eu sabia desde o início que seria diferente agora, com outro envolvimento. Fui testando algumas coisinhas e ficando muito feliz. Quando é feito um remake, às vezes você procura nem assistir a versão anterior para não ter uma influência, pois, inconscientemente pode carregar uma coisa que não é criação sua, é complicado. É o que eu sempre digo: você tem esse poder de criação na mão quando te apresentam um personagem – mas esse resultado, com o andar de uma obra aberta, depende muito da história, de como ela é conduzida, do texto.
Como é contracenar mais uma vez com a Glória Pires, que já foi sua parceira de cena em outras novelas memoráveis?
É um prazer muito grande sempre, né? Essas coisas na vida que a gente não explica, vamos nos esbarrando… Eu tenho um carinho e uma admiração gigantes pela Glorinha, ela é uma das principais atrizes que temos no nosso país, né? É de um carisma muito forte, uma técnica extremamente apurada. O que isso facilita o trabalho do outro é impressionante. Eu moro em São Paulo, não temos convivências como amigos rotineiros, mas a gente sempre teve nos bastidores uma convivência excelente e divertida. Talvez isso dê essa liga. A gente não sabe de onde vem essas ligas… Quando a gente tá dentro fica difícil ter essa visão.
Lola e Afonso são um casal que vai se apaixonar já maduro. Amar na maturidade, você acha que é mais fácil?
Não sei te dizer. Eu acho que a paixão vai te confundir, vai te derrubar, te fazer ficar ridículo em qualquer idade. Porque quando estamos muito apaixonados, que é uma delicia, a gente fala barbaridades, não é verdade? Quando você se ouve depois de um tempo, pensa “nossa, eu falei isso?”, coisas como “seus olhos tão lindos”, você tá falando como novela. E isso é normal, acho que isso não tem idade. Não vejo que, amadurecendo, você vá tratar diferente. A paixão te desarma e depois o amor vem em outra posição, eu acho. A paixão te desarma de qualquer jeito. É mais forte que você.
Desde o início, o Afonso tem os olhares, um carinho a mais por Lola. Você acha que, depois de tantos problemas, os dois merecem essa felicidade?
Novela, a gente nunca sabe o que vai acontecer, mas… Tem que se programar um pouco. Tinha que ter admiração, um conflito. Muitas vezes os dois têm uma liga, mas não se tem uma história pra contar. O romance de Lola e Afonso ainda não chegou a acontecer no ar, nem gravamos ainda. É tudo muito delicado, suave, dentro dessa posição, dentro dessa poesia que são esses dois personagens. Eles têm uma fragilidade, um romantismo muito bonito, não é? E é bom ver a reação do público, até se for “eu quero matar essa pessoa!”, é bom pra caramba [risos]. Mesmo que o cara [espectador] queira te estrangular, te pegar na rua, é o resultado, é isso que interessa.
Recentemente, foi divulgada uma foto sua com a sua esposa, a também atriz Lídia Brondi, que gerou muita repercussão nas redes sociais. Foram muitas mensagens de carinho, desejando felicidades, perguntando se a Lídia estava bem… Como você lida com esse carinho das pessoas por vocês?
Quando seu trabalho é exposto e você recebe o carinho das pessoas, você tem esse respeito, tem uma história de vida. As pessoas te acompanham de alguma maneira, né? Hoje em dia ainda mais, inclusive, em função das facilidades que se tem. Evidentemente que, de alguma forma, se você tem uma exposição maior…
Isso assusta um pouco?
Não é que assusta, não é de assustar. Eu não vou deixar de ir ao shopping, ao restaurante que eu quero, quando estou na hora da minha folga, por saber que vai ter alguém… E daí? Eu não tô fazendo nada, tô dando uma olhada, qual é o problema? É até bom isso, esse ‘oi’ [de algum fã eventual]. Não tenho problema com isso. Sobre os paparazzi, entendo até que é o trabalho das pessoas. Tem uns movimentos que… É uma coisa chata, mas faz parte. Eu, Cássio, não vou deixar de ir a algum lugar porque a pessoa vai me fotografar saindo do restaurante. Eu só espero um dia não sair caindo de bêbado no chão e ser fotografado no restaurante. Também é minha vida, não vou deixar de fazer determinadas coisas em função disso. Se você não estiver a fim de certas pessoas, não vai ali.
É a coisa mais linda a relação do Afonso com a Inês (Carol Macedo), não é? Realmente prova que pai é quem cria…
É, tem uma força muito bacana, sempre teve desde o início, né? Principalmente na primeira fase. Essa menina saiu da barriga do lado dele! Acho que qualquer situação que alguém conheça ou que participou na vida, não tem o que discutir: ele é o pai e ela é a filha. E quando você afasta isso, isso entra numa violência extrema, é como se você perdesse um filho e perdesse um pai, numa idade dessas. Só essa situação é muito poderosa, é um conflito muito real, na verdade. O reflexo do sofrimento tem que ser óbvio. “Como assim, você vai embora com a minha filha? Vou perder minha filha. Eu entendo até que você gosta dessa pessoa, eu sou muito bom… mas é minha filha! Como é que vai fazer isso?” A história conseguiu contar e mostrar isso no tempo certo.
Foto: Raquel Cunha/TV Globo