Acordo inicial estabelecia quatro dias de pausa temporária no conflito, com possibilidade de ampliar o prazo mediante condição
O governo do Catar anunciou nesta segunda-feira (27), a extensão do acordo de trégua entre Israel e Hamas por mais dois dias. O anúncio foi divulgado pelo porta-voz do ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari.
O prazo estabelecido pelo acordo, iniciado na última sexta-feira (27), estava programado para expirar nesta segunda-feira. O acordo previa quatro dias de cessar-fogo e a libertação de 50 dos 239 reféns mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro. Por sua vez, Israel concordou em libertar 150 prisioneiros vinculados ao Hamas.
Desde o início da pausa, três listas já foram divulgadas com nomes de reféns na Faixa de Gaza e de prisioneiros palestinos em Israel a serem libertados, como parte do combinado. Até o momento, a libertação dessas pessoas foi seguida por ambos os lados. Ao todo, 175 pessoas foram libertadas até a madrugada desta segunda. Entre os reféns, 58 são israelenses e 117 são palestinos. De acordo com a ONG palestina Clube de Prisioneiros, cerca de 7.000 palestinos estão detidos em prisões israelenses.
O grupo de libertos neste domingo inclui 13 mulheres e crianças israelenses, um homem com dupla nacionalidade russo-israelense e três tailandeses, de acordo com fontes oficiais israelenses. Nas próximas horas são esperadas novas trocas.
Veículos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) transportaram parte dos prisioneiros libertados até Ramallah e Beitunia, na Cisjordânia ocupada. Lá, foram recebidos por uma multidão com bandeiras palestinas. Os demais se reuniram com suas famílias em Jerusalém Oriental.
Abertura para ajuda humanitária
A trégua estabeleceu ainda que centenas de caminhões pudessem atravessar a passagem de Rafah, na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, para levar suprimentos aos civis no território palestino.
O Catar disse que uma sala de operações em Doha monitora a trégua e a libertação dos reféns, e mantém linhas diretas de comunicação com Israel, com o escritório político do Hamas em Doha e com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Através de um comunicado, no domingo (26), o Hamas declarou que estava negociando a prorrogação do cessar-fogo, com foco em “aumentar o número de prisioneiros libertados”.
Em conformidade, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou também na noite deste domingo que teve uma conversa com o presidente americano, Joe Biden, e expressou sua expectativa de que a trégua de quatro dias seja prolongada. No entanto, ele destacou que tal extensão estará condicionada à libertação de mais 10 reféns diariamente como parte do acordo. Especula-se que o Hamas tenha mais de 200 reféns, raptados em ações em 7 de outubro, que deixaram 1.200 pessoas mortas.
De acordo com informações do portal G1, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) convocou uma reunião para discutir a guerra na Faixa de Gaza. O encontro foi solicitado pela China, que está na presidência temporária do conselho, e contará com a presença do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que viaja ainda hoje para Nova York.
A expectativa é que a reunião do Conselho de Segurança debata uma resolução ou orientação para mais uma prorrogação da trégua entre Israel e Hamas. Como também articulam o Catar e o Estados Unidos, que atuaram como intermediadores do primeiro acordo entre as duas partes.
Por Gabriel Cézar