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Esports: A ignorância sobre o esporte eletrônico não muda

A Ministra do Esporte, Ana Moser deu sua cartada dizendo que esporte eletrônico não é esporte, que ainda não vai investir na área. A ministra fez uma comparação besta com a cantora Ivete Sangalo, e ainda por cima chamou os jogos eletrônicos de previsível.

Claramente podemos discutir muitas coisas sobre suas falas na entrevista, e com total certeza ela conseguiu ser tão ignorante quanto uma porta. Ela levantou outras coisas também sobre lei, porém o foco na coluna é sobre isso.

Em uma entrevista para o UOL, a ministra disse. “A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então, você se diverte jogando videogame, você se divertiu.” E continuou “Ah, mas o pessoal treina para fazer”. Treina, assim como o artista. Eu falei esses dias, assim como a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta da música. Ela é simplesmente uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível. Ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, ela não é aberta, como o esporte.”

O que é entretenimento?

Para ela seria apenas diversão do usuário em relação a sua prática. E é assim que funciona? Não!

A prática do esporte requer no mínimo esforço, responsabilidade e treinos. No entretenimento, é o que entrega ao espectador uma proporção de diversão e expectativas. O esporte eletrônico não é diferente em nada disso, eles têm o mesmo proposito, a diferença é que saímos do físico para algo totalmente digital.

Previsibilidade

A realidade para Ana Moser pode ser dura as vezes, como ela pode dizer que o jogo eletrônico é previsível? Deve ser por que a corrida de 100m pode acontecer de tudo né, como uma pessoa do nada virar um carro e ganhar a corrida.

Não é assim que funciona, tudo é imprevisível e previsível. As regras e o resultado é que vai diferenciar os dois termos, independente se é jogo eletrônico ou não.

Preconceito

“O jogador de esporte eletrônico só está se divertindo nesse mundo.” Essa com certeza seria uma das falas mais ditas pela geração antiga no argumento de dar uma desculpa que “joguinho” não dá futuro.

E pela ignorância de Ana Moser, isso diz muito sobre a sua postura e o pensamento genérico da antiga geração preconceituosa.

Jogos como Free Fire, Counter Strike, League of Legends, Rainbow Six Siege, Rocket League, Call of Duty, entre outros deixaram de ser apenas entretenimento quando a sua prática levou a salários, mudanças de vida, investidores, competições mundiais, lotação de eventos e outros fatores que também atingiram e mudaram o patamar dos esportes tradicionais.

Talvez dê para escrever um livro sobre o que esporte eletrônico proporcionou pra vida de muitas pessoas e que deixaram de levar o jogo não só como diversão e sim como uma responsabilidade, pois suas vidas já estavam dependendo daquilo.

Foto: ESL

Atraso no esporte eletrônico

Uma outra questão que nos leva, é como isso pode atrasar o processo de evolução do cenário nacional. Mas como assim? Eu acredito que onde o Estado entra com recursos de incentivo, pode abrir leques maiores para o cenário especifico.

No cenário em que o Estado não estiver inserido, dificulta a evolução do esporte, tanto para novos cyber-atletas ou atletas, mais investidores no país, empresários interessados e outras coisas. Porém o esporte eletrônico nunca precisou do Estado e se o cenário continuar evoluindo, talvez nunca precise.

Mais uma vez citando o IEM Rio de 2022, que lotou a Jeunesse Arena, em um evento de campeonato de “Joguinho Eletrônico”.

Assim como lotam estádios para ver jogos de futebol. Os jogos eletrônicos podem ter um público tão fechado quanto o próprio vôlei por exemplo caso vá usar o argumento que Counter Strike não lota um estádio.

Da última vez que fui assistir vôlei, um jogo do Brasil contra Argentina, nem um lado do Maracanãzinho sequer estava lotado.

Grandes nomes do esporte eletrônico também comentaram sobre a fala da ministra no twitter.

Gabriel “Fallen” Toledo-

Cherrygumms-

Baianolol-

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