O candidato libertário conquista 55,69% dos votos, contra 44,30% de Massa, em uma disputa acirrada
Javier Milei, candidato de ultradireita, foi eleito presidente da Argentina neste domingo (19) em segundo turno acirrado da eleição. Com 99,28% das urnas apuradas, Milei vence ao obter 55,69% do total de votos, contra 44,30% do candidato governista e atual ministro da Economia, Sergio Massa.
O candidato eleito foi o mais votado em Catamarca, Chaco, Chubut, Córboba, Corrientes, Entre Ríos, Jujuy, La Pampa, La Rioja, Mendoza, Misiones, Neuquén, Río Negro, Salta, San Juan, San Luis, Santa Cruz, Santa Fé, Tierra del Fuego e Tucumán, além da capital federal, onde recebeu 57,24% dos votos, contra 42,75% de Massa.
“Hoje começa o fim da decadência da Argentina”, discursou Javier Milei, que prometeu também iniciar “a reconstrução” do país.
O 2º turno das eleições presidenciais argentinas, realizado ontem, encerrou o processo eleitoral iniciado em 13 de agosto, com o 1° turno. No pleito, 27 candidatos de 15 frentes políticas concorreram. Os cinco mais votados participaram do 1º turno das eleições, em 22 de outubro.
Milei liderou o ranking com cerca de 30,1% dos votos. Na sequência veio Massa, com 21,4%. O cenário, no entanto, se inverteu no 1º turno, quando o candidato peronista conseguiu 36,68% dos votos, ante 29,98% do libertário. Como nenhum dos candidatos obteve 45% dos votos ou 40% com 10 pontos percentuais de vantagem sobre o 2º colocado, como estabelece a legislação do país, a disputa foi para a 2ª rodada.
Milei ganhou cerca de 6,4 milhões de votos do 1º para o 2º turno, pouco mais do que os 6,2 milhões de votos recebidos pela 3ª colocada na 1ª rodada, Patricia Bullrich, que declarou voto em Milei no 2° turno.
Quem é Javier Milei?
O presidente recém-eleito é identificado como um candidato que se opõe ao sistema em um país afligido por uma séria crise econômica, marcada por uma inflação de 142,7% nos 12 meses encerrados em outubro. Entre as propostas de governo, Milei promete dolarizar a economia e acabar com o Banco Central argentino para conter a inflação. No entanto, amenizou outras promessas no 2° turno, assegurando não privatizar os serviços de saúde e as escolas públicas.
Durante a campanha para a corrida presidencial, Milei foi associado a figuras políticas como o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. O presidente argentino eleito se autodefine como libertário e anarcocapitalista e declarou-se defensor de ideias como a comercialização de órgãos e a livre venda de armas. Ao longo do segundo turno, ele expressou críticas ao Papa Francisco, a quem o chamou de comunista. Além disso, prometeu não ter relações próximas com o presidente brasileiro Lula (PT).
Cenário político
Apesar da posição de Milei, Lula se pronunciou quanto às eleições argentinas no X, antigo Twitter. O presidente desejou êxito ao novo governo e declarou que o Brasil sempre estará à disposição para trabalhar com os argentinos. “A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada”, acrescentou Lula.
Milei chega à presidência da Argentina pela coalizão La Libertad Avanza, que encontrará com um Congresso dividido. O cenário não é favorável, uma vez que não terá a maioria dos assentos na Câmara e no Senado. Na Câmara, o bloco do candidato tinha apenas três representantes até este ano, mas, a partir da nova legislatura, terá 38. Ainda assim, a coalizão não será a maior da Casa. Isso porque o bloco peronista Unión Por La Patria, que será oposição, terá 108 representantes. O segundo maior grupo será o de Juntos Por El Cambio, que se dividiu no apoio a Milei no 2° turno, com 93 representantes.
Por Gabriel Cézar