Na manhã do dia 3 de janeiro, o general Suleimani, facilitador de grupos terroristas, foi morto, por um drone americano, ao deixar um avião em Bagdá. Se, por um lado, promover terror e mortes seja inquestionavelmente imoral, assassinato político com local e hora marcados, por outro lado, não difere muito em termos amplamente éticos. As vias diplomáticas sempre me pareceram inapelavelmente o melhor caminho, as quais vão desde acordos em favor do desarmamento nuclear – como o acerto acordado em 2015 entre EUA, França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia para conter os avanços nucleares belicosos – até sanções econômicas, em caso de descumprimento de acordo. Não era o caso. Em maio de 2018, o presidente americano Donald Trump cumpriu sua promessa de campanha e anunciou a retirada dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã, o qual foi fechado durante governo de Barack Obama. O que aconteceu? A melhor pergunta talvez seja: o que acontecerá?
Embora estado Irã clame por vingança, uma guerra anunciada é muito pouco provável; decerto a fragilidade das relações entre os países envolvidos constitui instabilidades políticas e econômicas, as quais podem ter como consequências novos atentados terroristas, aumento no preço do petróleo e pressões por apoio de aliados no âmbito da política externa, entre outras. Em termos de política interna, no entanto, haverá outras pressões: entre os liberais que seguem a cartilha de Trump e aqueles mais ideologicamente afinados com o interesse dos trabalhadores, em especial nesse caso, com os caminhoneiros, por conta do aumento do preço do combustível.
Enfim, diante do episódio brevemente narrado, ficamos com uma certeza: embora tenhamos que conviver com os desacordos, conflitos e sentimentos belicosos que povoam nosso mundo atual, certamente a útima escolha deveria ser aquela que nos coloca com sangue nas mãos.
Mônica de Freitas, bacharel em Letras, professora de Inglês e mestre em Filosofia (PR2 – 55697)