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Como as taxas de bagagem se tornaram um negócio bilionário na aviação?

Foto: divulgação

Hoje, o despacho de malas é uma mina de ouro para as companhias aéreas: o faturamento global com taxas já ultrapassa cifras na casa dos bilhões, irritando consumidores e pressionando órgãos reguladores.

Nas últimas décadas, o modelo tarifário das companhias aéreas mudou radicalmente. Antes, o despacho de bagagem já estava incluído no preço da passagem. Mas, com a retirada dessa comodidade, uma nova fonte de receita surgiu — e cresceu de forma exponencial. Hoje, taxas extras representam fatias importantes dos ganhos das empresas, vindas de upgrades de bagagem, franquias adicionais e serviços prioritários.

 Impacto no bolso do passageiro

O valor cobrado varia conforme o trecho, a companhia, o destino e até o momento da compra (como reservar no ato da compra ou próximo ao embarque). Isso faz com que passageiros paguem valores bem acima das passagens introdutórias “low cost”. Para quem viaja em família ou com frequência, o acréscimo pode chegar a centenas de reais, tornando-se um obstáculo orçamentário e gerador de insatisfação.

 Do incômodo à estratégia lucrativa

A estratégia não se limita apenas ao passageiro que precisa despachar malas: há opções de franquia para compras internacionais via cartão de crédito, tarifas extras para priorização no embarque e peso adicional por quilo excedente. Estes itens, antes opcionais, se tornaram componentes-chave da geração de receita das operadoras aéreas. Nos Estados Unidos, por exemplo, as taxas extras geram algo em torno de US$ 7,2 bilhões por ano — e a América Latina segue tendência similar.

Pressão regulatória e protestos

Diante do descontentamento, órgãos de defesa do consumidor em vários países começaram a investigar a transparência das cobranças. No Brasil, entidades consideram multas milionárias por falta de clareza e práticas abusivas. A regulamentação, por sua vez, exige divulgação dos valores no momento da venda da passagem, mas ainda existem reclamações sobre cobrança surpresa e experiências frustrantes no balcão do check‑in.

Hoje, pagar por bagagem despachada é visto como algo rotineiro — como se pertences tivessem imposto natural para ir ao porão do avião. Mas não precisa ser assim — o mercado continua competitivo, e algumas empresas já promovem campanhas com franquia gratuita, especialmente em voos internacionais ou em programas de fidelidade. Ainda que minoritárias, essas ofertas atraem clientes insatisfeitos com o panorama atual.

A corrida pelo lucro não deve parar. As empresas aéreas já ensaiam cobrar por outros serviços — como escolha de assentos, prioridade no embarque, alimentos a bordo, entretenimento e até embalagem protegida para mala. Se a bagagem virou um negócio bilionário, muitos analistas acreditam que esse modelo será replicado em todas as etapas da experiência do passageiro.

O que começou como uma taxa opcional transformou-se em rota estratégica de receita, capaz de mudar radicalmente o custo final de viagens aéreas. Para o consumidor, o desafio agora é comparar tarifas com atenção, buscar alternativas que incluam franquia de bagagem e ficar atento às regras de cada operadora — antes de embarcar, literalmente.

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