Jornal DR1

Conceição Evaristo

Por Alessandro Monteiro

 

Nascida em 1946 numa favela de Minas Gerais, hoje Conceição é um dos principais nomes da literatura afro-brasileira. Graduada em Letras pela UFRJ, trabalhou como professora da rede pública de ensino na capital fluminense.

Mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, com a dissertação ‘Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade’ (1996).

Através de sua participação ativa nos movimentos de valorização da cultura negra do país, teve sua estreia na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série de Cadernos Negros.

De forma peculiar, é considerada uma escritora versátil, que cultiva a poesia, ficção e ensaios. Sua narrativa não-linear marcada por seguidos cortes entre passado e presente, seu livro ‘Ponciá Vicêncio’ teve ótima acolhida por intelectuais brasileiros.

Incluído nas listas de diversos vestibulares de universidades do país, o livro também vem sendo objeto de artigos e dissertações acadêmicas. Em 2006, Conceição Evaristo traz à luz seu segundo romance, ‘Becos da Memória, em que trata, com o mesmo realismo poético presente no livro anterior, do drama de uma comunidade favelada em processo de remoção.

Em 2011 lançou o volume de contos ‘Insubmissas Lágrimas de Mulheres’, em que, mais uma vez, trabalha o universo das relações de gênero num contexto social marcado pelo racismo e pelo sexismo.

Em 2013, a obra antes citada ‘Becos da Memória’ ganha nova edição, pela Editora Mulheres, de Florianópolis, e volta a ser inserida nos catálogos editoriais literários. No ano seguinte, a escritora publica ‘Olhos D’água’, livro finalista do Prêmio Jabuti na categoria Contos e Crônicas. Já em 2016, lança mais um volume de ficção: ‘Histórias de Leves Enganos e Parecenças’.

 

Foto: Reprodução

Doutora em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense (UFF), com a tese ‘Poemas Malungos, Cânticos Irmãos’ (2011), na qual estuda as obras poéticas dos afro-brasileiros Nei Lopes e Edimilson de Almeida Pereira em confronto com a do angolano Agostinho Neto.

Nos últimos anos, três de seus livros, que continuam recebendo novas edições no Brasil, também foram traduzidos para o francês e publicados em Paris pela editora Anacaona.

Em 2017, o Itaú Cultural de São Paulo realizou a Ocupação Conceição Evaristo, contemplando aspectos da vida e da literatura da escritora. No contexto da exposição, foram produzidas as’ Cartas Negras’, retomando um projeto de troca de correspondências entre escritoras negras iniciado nos anos noventa.

Em 2018, a escritora recebeu o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais pelo conjunto de sua obra e iniciou uma campanha em favor da escolha de uma autora para ocupar a cadeira de número sete na Academia Brasileira de Letras (ABL). Mas, não era qualquer autora. Tratava-se de Maria da Conceição Evaristo de Brito, nossa Conceição Evaristo, a mais pura representação da voz negra feminina na Literatura Brasileira.

A campanha não obteve o esperado, perdendo a eleição para o cineasta Cacá Diegues. Porém, a escritora mineira de 71 anos segue na sua luta pelo reconhecimento das mulheres negras como produtoras de conhecimento. Afinal, ninguém melhor que ela para defender a literatura como um ato político!

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