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Conectando Histórias: A dança como ferramenta de transformação social: a história que o corpo conta

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Do asfalto de Realengo aos palcos cariocas, Michel Cordeiro constroi, através da dança, um caminho de resistência, profissionalização e esperança para centenas de jovens da periferia.

Quando o corpo fala, a realidade se transforma em meio às ruas de Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, um grupo de adolescentes começou a se expressar de forma diferente: Não com palavras, mas com movimentos. Nascia, em setembro de 1998, o Grupo Jovens de Periferia, fundado por Michel Cordeiro e André Araújo  que começou como uma forma de ocupação e arte, logo se tornou um movimento de transformação social.

Michel é professor de danças urbanas e contemporâneas. Foi formado, primeiro, pelas experiências nas ruas e bailes da cidade, depois de forma acadêmica. É técnico em Desportos pelo Colégio de Aplicação Paulo Gissoni e bacharel em Dança pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Com uma carreira sólida como coreógrafo, Michel atua na cidade de Macaé pela Secretaria de Educação, onde ministra aulas regulares, e coordena o projeto extracurricular ZH2 Grupo de Dança.

Além disso, é diretor artístico da JP MOVE Companhia de Dança, que há 26 anos constrói um repertório autoral com espetáculos como Que se Funk, Quora e Desencaixe.

Sua trajetória é marcada por importantes conquistas:

– 2015 : Prêmio Klauss Vianna. Novos Coreógrafos (FUNARTE)

– 2016 : Fomento Cidade Olímpica (Prefeitura do Rio)

– 2016 : Prêmio Favela Criativa (Lei de Incentivo ICMS)

– 2018 e 2019 : Edital SUPEREST (UFRJ)

– 2020 : Três prêmios pela Lei Aldir Blanc (Prefeitura do Rio)

– 2021: Incentivo ISS e Fomento Festival RJ (Governo do Estado)

– 2021/2022 : Inclusão nas Redes 2 e Edital FOCA (Dança)

– 2024 : Edital Pró Carioca Categoria Dança (Prefeitura do Rio)

Nos primeiros anos, o Grupo Jovens de Periferia percorria as ruas com oficinas e apresentações, focando em crianças e adolescentes da comunidade. Em 2000, incorporaram novas linguagens coreográficas, influenciadas pelos bailes funk da época. Em 2001, após vencerem o 1º Festival de Dança da Zona Oeste, foram convidados a dar aulas em escolas e projetos sociais dos bairros de Realengo, Bangu e Padre Miguel.

A profissionalização foi inevitável. Jovens passaram a ser inseridos no mercado de trabalho artístico. Até 2007, cerca de 1.500 adolescentes haviam passado pelo grupo. Muitos deles afastados do tráfico e da violência.

Com a maturidade, duas decisões transformaram o grupo:

Estudar era essencial. Todos os integrantes deveriam seguir os estudos. Michel se formou bacharel e outros membros ingressaram também na UFRJ.

Profissionalização da dança. O grupo se tornou oficialmente a JP MOVE Companhia de Dança Profissional, estreando, em 2014, o espetáculo Que se Funk, no Centro Coreográfico do Rio.

Desde então, a companhia tem se apresentado em palcos renomados e acumulado prêmios que reforçam seu papel como potência artística e social.

A trajetória de Michel Cordeiro e da JP MOVE é um testemunho vivo de que a arte, quando aliada à educação e à coletividade, pode mudar destinos.

“A dança salvou a minha vida e agora vou salvar outras. Quando o corpo fala, o mundo precisa escutar”, afirma Michel Cordeiro.Instagram: jpmove. E-mail: jpmove@gmail.com

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