“Fugiremos do absurdo de criar uma galinha inteira para comer o peito ou a asa, cultivando essas partes separadamente em meio adequado”. O ano era 1931 quando Winston Churchill escreveu um artigo abordando o desenvolvimento da ciência até aquele momento e o que esperava por vir nos próximos cinquenta anos. Quase 100 anos depois, a “profecia” começa a se materializar.
Desenvolvido pela star-up americana Eat Just, o restaurante chamado Club 1880, localizado em Singapura, foi o primeiro estabelecimento no mundo a servir carne cultivada em laboratório em 2020. E a primeira carne não poderia ser mais simbólica: frango.
A busca por proteínas à base de plantas ou alternativas à carne vem ganhando força nos últimos anos. Segundo pesquisa publicada pela DuPont Nutrition and Health, as vendas de proteínas vegetais aumentaram 11%, impulsionadas por um aumento de 43% no número de famílias que procuram alternativas às carnes. Ainda.de acordo com a Good Food Institute, as empresas de carne cultivada arrecadaram US$1.3 bilhões de dólares em 2021, um aumento de 70%.
A carne cultivada é diferente dos produtos à base de plantas. A produção pega uma única célula extraída com uma agulha do músculo de outro tecido, ou colhido dos óvulos do animal para começar a linhagem celular. Então, são “alimentadas” com nutrientes do corpo do próprio animal – aminoácidos, glicose, vitaminas, proteínas e sais. Através de um processo chamado “Scaffolding”, estas células podem vir a tornar-se um dia por exemplo, em um bife com osso e tecido conjuntivo. Segundo o cientista David Kaplan, presidente do departamento de Engenharia Biomédica, “ é carne animal real sem o abate”.
A nova “carne” se apresenta como solução para mitigarmos os impactos no meio ambiente, redução dos gases de efeito estufa e ainda, alimentar quase 10 bilhões de pessoas até 2050.
“Quando chegar a hora, haverá muito espaço para as cidades se espalharem novamente.” – Winston Churchill