Rafaela Silva, nascida no dia 24 de abril de 1992, cresceu na favela carioca da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. O primeiro esporte de que gostou foi o futebol, praticando contra outros meninos em um campo de terra próximo a sua casa, em Jacarepaguá. Preocupados com o tempo gasto brincando na rua, quando Rafaela tinha sete anos seus pais, Luiz Carlos e Zenilda Silva, a inscreveram junto da irmã, Raquel, para aulas de judô no Instituto Reação, recém montado na Cidade de Deus pelo ex-atleta Flávio Canto. A aptidão das irmãs era tanta que o técnico Geraldo Bernardes pediu ao pai Luiz Carlos para que elas permanecessem no judô, pois tinham potencial de se tornarem atletas da seleção.
O desempenho de Raquel começou a entrar em declínio após lesões nos joelhos, mas Rafaela logo se destacava, servindo de inspiração para que Raquel superasse as dificuldades. Em 2008, ganhou uma das etapas da Copa do Mundo de judô e tornou-se campeã mundial sub-20.
Em 2011, para competir nos Jogos Pan-americanos de Guadalajara, no México, desbancou Ketleyn Quadros, a primeira brasileira a subir ao pódio no judô nos Jogos Olímpicos, e ganhou a medalha de prata na categoria até 57 kg. Ainda em 2011, foi vice-campeã mundial adulta em Paris 2011, com apenas 19 anos de idade.
Nos Jogos Olímpicos de Verão de 2012 em Londres, Rafaela foi desclassificada pelos juízes na segunda rodada por um golpe ilegal. Depois da eliminação, a atleta ofendeu torcedores brasileiros que seguiam sua conta no Twitter. O fato gerou revolta nas redes sociais, e a atleta foi criticada por sua falta de espírito esportivo.
Ainda em 2012, em dezembro, foi medalhista de bronze no Grand Slam de Tóquio (categoria até 63 kg).
2013 foi um ano de glórias para a judoca. Em abril, conseguiu a medalha de ouro no Pan Americano de Judô. Em agosto, Rafaela entrou para a história do Judô brasileiro ao tornar-se a primeira brasileira a se sagrar campeã Mundial de Judô, vencendo na final a americana Marti Malloy.
Em fevereiro de 2015 entrou para a Marinha, vencendo em seguida o Grand Prix de Dusseldorf, na Alemanha, ganhando cinco lutas, quatro por ippon.
Nas Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro, conquistou a medalha de ouro na categoria até 57 quilos, ao vencer a rival Dorjsürengiin Sumiyaa, da Mongólia. Foi a primeira medalha de ouro ganha pelo Brasil nas Olimpíada de 2016.
No final de abril de 2017, Rafaela conquistou, com a Seleção Brasileira de judô feminino, a medalha de ouro no Pan-Americano realizado no Panamá.
Em 2022, ganhou novamente o título do Campeonato Mundial, após dois anos suspensa pelo tribunal da Federação Internacional de Judô (IJF) por ser pega no exame antidoping, depois de derrotar Haruka Funakubo na final por waza-ari. A judoca se diz feliz com a conquista: “ Estou feliz com esse feito, com minha medalha de ouro. Foi a resiliência, a concentração, o foco que eu vim para essa competição com o objetivo de sair daqui com a medalha de ouro e estou feliz porque consegui”. Sua esposa, Eleudis Valentin que também é judoca, acompanhou a vitória de casa com parentes e amigos e comemorou nas redes sociais: “lembrou disso: “Deus é bom! Amor, você é f… Obrigada por não desistir”, escreveu ela ao postar uma foto da atleta tirada pela TV.