No último dia da Bienal do Livro Rio 2025, entre celebridades literárias e lançamentos badalados, um trio emocionou o público com histórias que extrapolam as páginas: Bruna Gomes, Gracinha Pimenta e Valdeci de Boareto, garis da Comlurb e escritores que têm na literatura um poderoso instrumento de transformação social e pessoal.
Credenciado como autor, Valdeci de Boareto, com 28 anos de atuação na limpeza urbana, lançou o livro “Comportamento que te salva”, obra sobre inteligência emocional, empatia e resiliência, cujos aprendizados ele diz ter colhido nas ruas do Rio. O livro, publicado pela Secretaria Municipal de Educação, alcançou reconhecimento internacional e chegou à Universidade de Harvard. Valdeci também escreve para o público infantil e criou o personagem “Garizinho Tódi”, inspirado em seu apelido de infância, para abordar valores como educação e sustentabilidade.
Bruna Gomes, de 39 anos, atua na limpeza hospitalar e cursa Letras na Unirio. Sua trajetória literária ganhou força após um episódio de preconceito vivido na universidade. Um colega, ao descobrir que ela enfrentava longas horas de transporte público para estudar, sugeriu que ela “largasse o curso para ser feliz”. A indignação virou poesia — “Uma Leoa Improvável” — e lhe rendeu o prêmio de Destaque Literário em 2024, pela NS Produções. Desde então, Bruna intensificou sua produção e planeja lançar seu primeiro livro de poesias ainda este ano.
Já Gracinha Pimenta tem uma trajetória marcada pela superação. Diagnosticada na infância com astigmatismo, ouviu de médicos que jamais seria alfabetizada. Provou o contrário: aprendeu a ler, escrever e se apaixonou pela poesia. Há 22 anos na Comlurb, hoje atua na limpeza escolar e teve seu primeiro reconhecimento em 2012, ao ter um poema sobre professores publicado em um livro da Secretaria Municipal de Educação. Desde então, já foi até homenageada na Academia Brasileira de Letras.
Juntos, os três participaram da programação oficial da Bienal, emocionando o público ao compartilhar suas trajetórias. Para eles, o evento representa mais do que um espaço de visibilidade: é a prova viva de que a literatura é uma ferramenta de transformação. Com novos projetos a caminho, eles sonham em voltar à Bienal em edições futuras — com mais livros lançados e ainda mais histórias para contar.