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Deleite Linguístico: Amor de carnaval

O carnaval acabou. Creio que, com ele, muitos amores dessa época também… Quem nunca teve um amor de carnaval não sabe o quão é avassalador! Chega sem avisar, atropela o protocolo previamente planejado e esvai-se na mesma velocidade. Deixa saudade como também a necessidade de reflexão e, de quebra, uma composição porque tudo gera poesia, música, emoção! Recordo-me de trecho de algumas letras. O primeiro Amor de Carnaval é da Banda Eva. Nela há estes versos: “Amor de Carnaval/ Foi intenso, foi bonito nem parece que é real”. Já a canção Frevo da Lua, de Alceu Valença, fala de um encontro amoroso, iniciado nessa época de alegria. Alceu diz o seguinte: Lua tão linda, lua, lua, lua de Olinda/ O sol abraça Recife tá chegando o / carnaval, lua, lua linda/ Lembrei do Marco Zero onde ganhei a gata”. Para homenagear a campeã deste ano, cito alguns versos do samba-enredo da Viradouro: Hoje o amor está no ar/ Vai conquistar seu coração/ “Tristeza não tem fim, felicidade sim”/ Sou Viradouro, sou paixão”.
Entrelaçado a tudo isso, podemos definir a figura mitológica de Eros, deus do amor e do desejo; também conhecido como Cupido na mitologia romana. Os poderes desse deus, representado por um jovem alado, estão em suas flechas encantadas, demonstrando sua influência sobre os sentimentos humanos de amor e de desejo (representados pelas flechas de ouro) ou de ódio e de repulsa (representados pelas flechas de chumbo). Essa dualidade amorosa foi aludida por Luciano Bahia, nos versos da música Amor estranho Amor: “Ninguém entende o nosso amor/ Veja a que ponto chegou/ A gente se ama e se odeia/ Luta de boxe na Lua cheia/ Ninguém entende o nosso amor/ E ele ainda nem começou”.
Que, neste momento pós-carnavalesco, em que normalmente os casais declaram que “Não temos lei nem compromisso/ É um amor, estranho amor” (versos de Luciano Bahia e Carlos Potyguar), Eros mire todos os seres humanos apenas com suas flechas de ouro, transformando-os em pessoas que “amam sem vergonha e sem juízo” e que “conhecem o gosto raro / de amar sem medo de outra ilusão”. Afinal, em tempos hodiernos, “românticos são uma espécie em extinção”. Que Vander Lee, nosso Cupido à brasileira, possa ter flechado muitos corações e, assim, disseminado o Amor!

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